Com obras a passos lentos, BR-381 convive com rotina de graves acidentes

Nas últimas semanas, oito ocorrências graves foram registradas na região

Com obras a passos lentos, BR-381 convive com rotina de graves acidentes
Engavetamento ocorrido em Nova União no dia último dia 18 – Foto: internauta via wpp

Temida por vários motoristas, a BR-381, conhecida como a “rodovia da morte”, é palco de vários acidentes diariamente. A novela da duplicação da rodovia, no trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares, se arrasta há décadas. Dos 303 km a serem duplicados, apenas 35 km foram entregues pelo Governo Federal até o momento. No entanto, trechos já duplicados, inclusive, tiveram de passar por reparos devido a algumas falhas, como mostrado por reportagens da DeFato Online. Com isso, são constantes os congestionamentos, paradas e, também, tragédias.

Desde o dia 10 de setembro, por exemplo, a rodovia registrou oito acidentes graves na região de Itabira, com pelo menos seis vítimas fatais. Destes, três foram em Caeté, dois em Bela Vista de Minas, dois em Bom Jesus do Amparo e outro em  Nova União. O último, registrado na noite de terça-feira (22), um caminhão de melancia perdeu o controle e se chocou com a roda de um trator próximo ao trevo de Bom Jesus do Amparo. Felizmente, nenhum dos envolvidos se feriu.

Os perigos da estrada

O motorista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e Emergência (Samu), André Nogueira, convive diariamente com esta rotina de acidentes. Outrora motorista de caminhão, ele diz que a cobrança de algumas empresas por um serviço rápido dos caminhoneiros é um fator importante para este cenário.

Muitos caminhoneiros são obrigados a fazer grandes jornadas em pouco período de tempo para atender empresas e, às vezes, o caminhoneiro vem numa certa velocidade e tem um declive. Aí o tambor de freio fica quente e o freio não funciona, dependendo do peso que você tem por cima. Como costumamos dizer, se a lona vira o S, acabou. O caminhão vai embora e não tem nada que segura”, relata.

Com a experiência de quem passa pela rodovia inúmeras vezes para prestar atendimento em acidentes de todos os níveis, André afirma que o principal problema da BR-381 é a sua sinalização, ou a falta dela.

“A situação é gravíssima, requer empenho dos responsáveis pela estrada para uma sinalização mais eficaz, a sinalização da BR-381 é péssima. Também tem a parte do governo de fiscalizar as empresas para o caminhoneiro não fazer longas jornadas em curtos períodos de tempo. Então, é uma série de erros, é muito complicada a situação. Você não acha apenas um culpado, não é um problema a ser resolvido facilmente”, pontua o motorista.

Quem também demonstra muita preocupação com a situação é o itabirano Emerson Pires. Ele recebe, a cada fim de semana, seu filho – que reside atualmente em Belo Horizonte (BH) – e seu cunhado, que vem de São Paulo. Ambos utilizam a BR-381 para virem ao município.

Emerson diz que a periculosidade envolvida no local o desencoraja a pegar estrada para outras cidades. “Às vezes eu fico querendo ir para BH, mas desanimo, porque é complicado sair daqui e de repente vir uma carreta em cima de você. Infelizmente a realidade é essa, se não tomar nenhuma providência, a coisa vai ficar ainda mais triste”, conta.

Bruno Alvarenga, por outro lado, não consegue fazer esta escolha. Por conta do seu trabalho como engenheiro, ele utiliza a rodovia semanalmente e acredita que o número de acidentes tem se intensificado por conta das atuais obras na região.

Acho que esses acidentes estão acontecendo em razão das paralisações para obras, com mudanças de direção. Se a gente vai fazer uma viagem noturna, a dificuldade de visualização dessas rotas alternativas se torna muito mais complicada. Acredito que depois que tiver com todas as sinalizações e radares, a segurança vai ser fortalecida”, diz o engenheiro.

Procurado pela DeFato Online, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) não se posicionou.