“A população não pode chutar o balde”, desabafa secretária de Saúde sobre Onda Amarela
Com Itabira às vésperas de voltar para a Onda Amarela, secretária municipal de Saúde, Rosana Linhares, reforça que a população precisa se conscientizar
No final da tarde dessa sexta-feira, 23 de outubro, a secretária municipal de Saúde, Rosana Linhares Assis Figueiredo, recebeu a equipe da DeFato para conversar sobre o retrocesso de Itabira para a Onda Amarela, do Minas Consciente. A partir desse sábado, 24 de outubro, Itabira volta a dar um passo atrás na tentativa de retomar a economia.
Ela explicou que mesmo com todo o esforço para organizar barreiras sanitárias e conscientizar a população, durante o último feridão, os reflexos podem ser vistos agora. “A gente entrou na Onda Verde do sábado, dia 10, no meio o feriado. Na semana seguinte, numa nova avaliação junto ao governo do Estado, nos mantivemos na Onda Verde. Porque isso não alardeado? Porque estar na Onda Verde, marcando 12 pontos, que é o limite para não regredir para a Onda Amarela, não é algo estável. E nem seguro para a população”.
Rosana ressaltou ainda que “a Onda Verde tem que ser uma conquista. Para isso, ela precisa ser mantida o tempo todo. A gente tem que aprender que quanto mais rápido nos adaptarmos a seguir as restrições, mais rápido superamos elas. A população não pode esquecer que de colocar o simples em prática: sair de casa apenas quando precisar, usar as máscaras, respeitar o distanciamento social, passar álcool em gel e higienizar as mãos”.
Comportamento dos itabiranos
Rosana não deixar de frisar que o maior problema para Itabira não se manter na Onda Verde é o comportamento da população de Itabira.
“Está havendo uma inversão de entendimento. O programa Minas Consciente foi criado para retomar a economia do jeito certo e não para as pessoas guiarem suas atitudes por ele. A cor da onda não muda nada para o individual, para a família e para o coletivo da cidade. A Onda Verde não é um sinal para que você esteja livre para aglomerar, deixar de usar máscaras ou fazer festa para 300 pessoas”.
Rosana não tem dúvida de que a falta de colaboração das pessoas é o principal empecilho nesta caminha. E alerta para o risco de continuarmos retrocedendo até atingir a Onda Vermelha. “Se a gente não conscientizar a população, piorar é sempre mais fácil do que melhorar”.
Setores artísticos
A secretária de saúde demonstra preocupação com setores da economia que ainda não conseguiram voltar à ativa por conta das mudanças constantes de onda, do Minas Consciente. Ela destaca que o setor de cultura e entretenimento, que engloba artistas, feiras livres, cerimoniais, entre outros, segue sem conseguir volta a trabalhar.
“Do aspecto formal da economia, todo mundo que é da área artística e de lazer é quem mais tem dificuldade de lidar com essa instabilidade. Eles serão liberados para trabalhar uma semana sim e na outra não? É importantíssimo o exercício da profissão de quem trabalho no meio artístico, na promoção de eventos, nos espaços culturais. Nós temos que dar atenção para esses trabalhadores que vivem da cultura e do entretenimento. Temos que dar este direito a esta classe. A população não pode chutar o balde. Ela tem que ajudar a defender um grupo que está há nove meses parado”.
Morte por covid-19
Rosana não esconde o desapontamento com o número de óbitos em Itabira, por conta da covid-19. Ela explica que o município tem um dos menores índices de contaminação do Estado e que o indicador de letalidade é baixo.
“Ainda assim, sofro por cada óbito. Eu trabalho para não perder ninguém, mas a população precisa evitar que isso aconteça junto comigo! Muitos dos itabiranos que nós perdemos para essa doença estavam cumprindo o isolamento como se deve. A nossa responsabilidade, enquanto comunidade, aumenta a partir daí”.
E ela revela um dado ainda mais preocupante: as sequelas causadas pela doença. “O coronavírus deve gerar um grande base de pesquisa. Temos casos de pessoas que contraíram a doença e demoram quatro meses para sentir o olfato de novo. Bem como pessoas que tiveram dificuldade visual, problemas arteriais e fibrose pulmonar. Esse é um mal que a ainda não sabemos as sequelas que ele deixa. O coronavírus não causa apenas morte, mas também o agravo à saúde do adulto jovem”.
Dia de Finados
Para o próximo feriado, no dia de Finados, 2 de novembro, Rosana revela que já foi traçado um plano de atuação. “Vamos liberar as visitas, mas com fiscalização rígida. Não haverá cultos ou missas, os vendedores ambulantes ficarão do lado de fora e vamos organizar o fluxo de pessoas”, finaliza.