Dados de Bolsonaro e ministros do STF estão à venda na internet

Hacker está oferecendo informações em 37 categorias. Bolsonaro aparece com dados em 20 delas; Rodrigo Maia, em 15; e Alcolumbre, 16. Entre os ministros do STF, Ricardo Lewandowski é o mais afetado

Dados de Bolsonaro e ministros do STF estão à venda na internet
Foto: Reprodução / Internet

Após o megavazamento de dados de 223 milhões de CPFs, 40 milhões de CNPJs e 104 milhões de registros de veículos, dados de algumas das maiores autoridades do país foram colocados à venda na internet. Entre os afetados estão o presidente Jair Bolsonaro (sem partido); o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ); o ex-presidente do Senado, David Alcolumbre (DEM-AP); e os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

A pedido do jornal Estadão, a empresa de segurança Syhunt analisou alguns dos arquivos disponibilizados pelo criminoso na internet, mesmo que não seja possível saber a identidade e o número de pessoas envolvidas no vazamento. Um dos arquivos é considerado o ‘catálogo’ das informações em poder do hacker.

Nele, é possível fazer uma busca com nome completo ou CPF para encontrar aquilo que o hacker colocou à venda. Ou seja, o Estadão e a empresa não tiveram acesso aos dados das autoridades citadas na reportagem. O que foi encontrado é aquilo que o hacker diz ter colocado à venda.

Categorias

O hacker está oferecendo informações em 37 categorias: básico simples; básico completo; e-mail; telefone; endereço; Mosaic (um serviço oferecido pelo Serasa); ocupação; score de crédito; registro geral; título de eleitor; escolaridade; empresarial; Receita Federal; classe social; estado civil; emprego; afinidade; modelo analítico; poder aquisitivo; fotos de rostos; servidores públicos; cheques sem fundos; devedores; Bolsa Família; universitários; conselhos; domicílios; vínculos; LinkedIn; salário; renda; óbitos; IRPF; INSS; FGTS; CNS; NIS e PIS.

Segundo o catálogo, a maioria das informações são referentes ao ano de 2019, mas há bases de 2017, 2018 e 2020 no pacote. A categoria ‘fotos de rostos’ também inclui arquivos entre 2012 e 2020. Entre as 37 categorias, Bolsonaro aparece com dados em 20; Maia, em 15; e Alcolumbre, 16.

Entre os ministros do STF, Ricardo Lewandowski é o mais afetado, com dados em 26 categorias. O presidente da corte, Luiz Fux, tem dados ofertados em 23 categorias. Todos outros também têm dados em mais de 20 categorias: Dias Toffoli (25), Luiz Roberto Barroso (25),  Alexandre de Moraes (24),  Gilmar Mendes (24),  Rosa Weber (23), Kassio Nunes Marques (23), Edson Fachin (22), Cármen Lúcia (21) e Marco Aurélio Mello (21).

Algumas das categorias parecem não fazer sentido, mas trazem bastante informação. A categoria ‘modelo analítico’, na qual aparecem todas as autoridades citadas na reportagem, tem informações nas seguintes subcategorias: cliente premium, proprietário de casa, artigos de luxo, investidor, tomador, banda larga, TV a cabo, posse de cartão do primeiro, posse de múltiplos cartões, posse de cartão de crédito, posse de múltiplos cartões de crédito, seguro residencial, seguro automóvel, seguro saúde, seguro de vida, celular pré-pago, celular pós-pago, usuário da internet, usuário de smartphone, joga jogos de vídeo, joga jogos online, internet banking, compra internet, tomador de crédito pessoal, finance de veículos, pacotes de turismo, ano de atualização.

A única categoria que foi toda publicada pelos hackers, e já circula livremente na internet, é a que deve afetar o maior número de pessoas: básico simples. Ela inclui CPF, nome completo, sexo, gênero e data de nascimento. Nem todas as autoridades têm informações listadas nas mesmas categorias, um indício de como o vazamento deve afetar a população.

Bolsonaro, por exemplo, teria fotos de rosto, algo que não aconteceu com todos os ministros do STF. Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, por exemplo, têm dados de PIS, renda e salário — Bolsonaro só aparece em renda. Já Rosa Weber tem à venda dados referentes ao imposto de renda de 2017.

Inicialmente, o hacker também publicou outros pacotes de dados que serviam como uma espécie de ‘amostra grátis’ daquilo que ele tem para oferecer. Em cada uma das 37 categorias para pessoa física, ele colocou dados aleatórios de cerca de 1.000 pessoas, o que permitiu que informações de cerca de 40 mil brasileiros circulassem livremente pela internet.

O link foi desativado no final da semana passada, mas estava on-line desde o dia 11 de janeiro. O post que anuncia a venda continua no ar. Os dados são vendidos em pacotes a partir de US$ 500. Segundo as postagens dos criminosos, não são aceitos pedidos para uma única pessoa. No material postado na internet, os criminosos dizem que não vendem os dados das 37 categorias para o mesmo CPF — o limite seria de dez categorias de dados.