Charge contra assessoras repercute e tem total repúdio na Câmara de Monlevade

A presidente da  Associação Mulheres em Ação de João Monlevade (AMA-JM), Elivânia Felícia Braz, usou a tribuna para repudiar o fato ocorrido

Charge contra assessoras repercute e tem total repúdio na Câmara de Monlevade
Foto: Luciano Vidal/Portal Defato

A charge produzida pelo cartunista Carlos Coelho, conhecido como “Capissoba” foi assunto destaque na reunião ordinária da Câmara de João Monlevade desta quarta-feira (24). A presidente da  Associação Mulheres em Ação de João Monlevade (AMA-JM), Elivânia Felícia Braz, usou a tribuna para repudiar o fato ocorrido. O plenário contou com quase 50 populares (público alto para o número costumeiro em reuniões).

A presidente começou o discurso tocando no sentimento e dizendo o quanto as mulheres sentiram-se ofendidas e foram violentadas com a charge.

“Desde 2012 buscamos a defesa das mulheres na sociedade. Gostaríamos de parabenizar esta Casa pela nota publicada pela Câmara. Precisamos destacar que a atitude foi horrível e misógina. Não poderíamos deixar passar atitudes como essas. São movimentos como esse que provocam o feminicídio”, ressalta Elivânia.

Elivânia sempre utiliza a tribuna para defender a luta diária das mulheres                                 Foto: Luciano Vidal/Portal DeFato

Ademais, ressaltou que os números de violência contra a mulher aumentou drasticamente com a pandemia.

“O machismo está arraigado na nossa sociedade. Não é admissível que atitudes como essa, que levem até o órgão sexual feminino, sejam recorridos. A mulher pode ocupar o espaço que ela quiser. O dia 8 de março (Dia da Mulher) está chegando, mais do que homenagens, nós merecemos respeito”, finaliza.

Usando a tribuna, Maria de Lourdes, ex-vereadora e 1° secretária do Centro Comunitário do bairro Cruzeiro Celeste, também comentou sobre o assunto. “Estamos aqui hoje para parabenizar pela atitude rápida de combater a violência contra as mulheres”

Representante

A única vereadora da Casa, Andrea da Saúde (PTB) comentou o caso:

“Eu jamais poderia me calar sobre o assunto sendo a única mulher da Câmara. O cunho foi totalmente preconceituoso. Ações como essas não podem ser ignoradas, principalmente pelo poder público. Sempre irei defender o direito das mulheres. Servidoras da Casa e mulheres monlevadenses, contem comigo sempre”, endossou a líder das mulheres.

Demais vereadores

Gustavo Prandini (PTB) disse que atitudes machistas estão impregnadas, é estrutural e só tem um caminho para que esse padrão social mude.

“É algo visceral, infelizmente. Temos que nos policiar sobre isso todos os dias, em todos os momentos. É reeducação o que todos nós homens precisamos. Fomos ensinados de maneira errada desde sempre, a busca pela quebra dessa vertente deve ser constante e cotidiana”, enfatiza.

Já o vereador Bruno Cabeção (Avante) também abraçou a causa. “Eu trabalho em uma Organização Não Governamental (ONG) na qual sou professor de futebol feminino e treino mais de 30 mulheres”. Os demais vereadores também opinaram sobre o assunto e disseram que repudiam o ato e não permitirão atos como esse na Câmara Municipal de João Monlevade.

Entenda o caso

A charge foi veiculada na última quinta-feira (18) em um post no Facebook. Nela, continha os dizeres “Opa, quero ser assesssora de vereador”, e logo após “Se rolar, o pau vai comer”, as assessoras dos vereadores que estão na Câmara sentiram-se ofendidas e violentadas. Ambas as frases foram direcionadas ao orgão genital feminino. A Câmara prontamente publicou uma nota de repúdio e fez uma representação junto à 4ª Delegacia Regional de Polícia Civil.