Após ‘fura-fila’ da vacina e instalação de CPI, Minas tem novo secretário de Saúde
Romeu Zema substitui comando da Secretaria Estadual de Saúde. A situação se tornou insustentável depois da imunização de servidores administrativos da pasta, incluindo o então secretário, que não estão no rol de prioridades
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afastou Carlos Eduardo Amaral Pereira da Silva do comando da Secretaria Estadual de Saúde (SES). O afastamento do médico foi confirmado por Zema em sua conta no Twitter, na noite de quinta-feira (11). “Agradeço o trabalho que realizou à frente da Secretaria, em especial no combate à pandemia e na gestão para a futura retomada das obras dos Hospitais Regionais no Estado”, escreveu o governador. Assume o posto, a partir de agora, o médico Fábio Baccheretti, atual presidente da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), responsável pela gestão das unidades hospitalares estaduais.
Comunico o afastamento do Dr. Carlos Eduardo da Secretaria Estadual de Saúde. Agradeço o trabalho que realizou à frente da secretaria, em especial no combate à pandemia e na gestão para a futura retomada das obras dos Hospitais Regionais no Estado.
— Romeu Zema (@RomeuZema) March 12, 2021
Assumirá o cargo de Secretário de Estado de Saúde o médico Fábio Baccheretti, atual presidente da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), responsável pela gestão das unidades hospitalares do Estado.
— Romeu Zema (@RomeuZema) March 12, 2021
A saída de Carlos Eduardo da SES ocorreu depois de polêmicas envolvendo a vacinação de 806 servidores administrativos que estão fora das prioridades definidas pelo Plano Nacional de Imunização. O então secretário, inclusive, foi imunizado. “Quis ser vacinado para não parecer que sou contra a vacina”, alegou Carlos Eduardo, sobre o caso. Em nota, a SES argumentou, por sua vez, que “muitos de seus servidores visitam hospitais, fazem viagens relacionadas a políticas públicas na área de saúde, razão pela qual são grupos prioritários”.
Mais cedo, nessa quinta-feira, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar irregularidades na campanha de vacinação contra a covid-19. O presidente da Casa, deputado Agostinho Patrus (PV), deferiu requerimento assinado por 39 parlamentares.
A CPI terá prazo de 120 dias para investigar o desvio de recursos na imunização de grupos não prioritários. Também fazem parte do escopo da investigação “o baixo investimento em ampliação de leitos para enfrentamento da pandemia em Minas e a não aplicação do mínimo constitucional em serviços públicos de saúde”. “Vamos investigar a fundo esses que se entendem como privilegiados em passar à frente na vacinação. Neste momento de pandemia, é um dos crimes mais graves”, afirmou Agostinho Patrus, durante instalação da CPI.
Na segunda-feira (8), o Ministério Público de Minas Gerais informou que abriu inquérito para apurar os casos de vacinação dentro da SES.
Secretário
Carlos Eduardo Amaral Pereira da Silva é especialista em neurocirurgia e neurorradiologia intervencionista. Ele assumiu a Secretaria em fevereiro de 2019, sucedendo o médico Wagner Eduardo Ferreira, que pediu licença do cargo para tratar de assuntos particulares.
A covid em Minas
O Estado vive o pior momento da pandemia do novo coronavírus. Ontem (10), o estado confirmou 263 mortes pela covid-19 em 24 horas, recorde desde o início da pandemia. Ao todo, 20.087 pessoas morreram em decorrência da doença em Minas.