Alta nos preços dos materiais de construção ameaça obras públicas

IBGE aponta que os materiais ficaram 2,66% mais caros em maio, causando desequilíbrio entre os custos das obras e o valor acordado nos contratos de licitação

Alta nos preços dos materiais de construção ameaça obras públicas
Foto: Arquivo/DeFato

Em maio, a reportagem da DeFato alertou que a escalada nos preços dos materiais de construção tem prejudicado o setor de construção civil. Pouco mais de um mês depois dessa reportagem, o cenário não mudou para as construtoras, já que os insumos seguem inflacionados e aumentando os custos das empreitadas com contratos já licitados. O resultado desse desequilíbrio é a possibilidade de paralisação de obras públicas de infraestrutura, como construção de edifícios, estradas, dentre outras.

Em maio, o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fechou em alta de 1,78%. No acumulado de 12 meses, o indicador sobe para 18,18%, a maior alta da série histórica.

Além disso, o IBGE aponta que o custo nacional da construção por metro quadrado passou de R$ 1.363,41 para R$ 1.387,73. Desse valor, R$ 810,08 são referentes aos materiais de construção e R$ 577,65 relativos à mão de obra.

Dessa forma, os materiais de construção ficaram 2,66% mais caro. Já a mão de obra aumentou 0,58%.

Desequilíbrio econômico

O presidente do Sindicato das Indústria de Construão Pesada do Estado de Minas Gerais (Sicepot-MG), João Jacques Viana Vaz, em entrevista ao jornal Diário do Comércio, afirmou que muitas empresas têm convivo com o desequilíbrio entre o aumento dos preços dos materiais de construção e os preços que foram acordados nos contratos de licitação.

Segundo João Vaz, materiais como aço, cimento e material betuminoso sofreram reajustes desde o início da pandemia, sendo que alguns deles tiveram mais de 100% de aumento. Além disso, os combustíveis, como o diesel, também tiveram acréscimo de 50% no seu valor.

Apesar do aumento no valor dos materiais, o contrato das obras públicas em Minas Gerais não passaram por reequilíbrio econômico financeiro, como está previsto pelo lei 8.666/93, que rege os processos licitatórios.

“Muitas empresas não têm mais condições de concluir as obras. Esses reajustes vão minando o setor financeiro das empresas, que estão tendo prejuízos muito altos”, afirmou João Vaz.