Sindicato dos policiais penais emite nota de repúdio ao prefeito Marco Antônio Lage
Ao explicar os motivos que o levaram a descartar um presídio de grande porte em Itabira, Marco Antônio Lage teria dito que unidades prisionais geram empregos de baixa qualificação. Os policiais penais se sentiram desrespeitados com as declarações
Uma declaração de Marco Antônio Lage (PSB), dita em sua última live, na quinta-feira (1º), sobre a geração de emprego em um presídio de grande porte, não repercutiu bem entre os policiais penais mineiros — que entenderam como desrespeitosa a colocação do prefeito de Itabira. Na segunda-feira (5), o Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de Minas Gerais (Sindasp-MG) emitiu uma nota de repúdio ao líder do Executivo itabirano.
Na ocasião, Marco Antônio Lage afirmou que “um presídio de grande porte traz emprego durante a obra e, provavelmente, uns 200 ou 300 empregos que não são tão qualificados assim. Agentes carcerários tem uma qualificação, mas o restante nem tanto. Então não muda a vida da cidade”.
É justamente essa fala que tem revoltado policiais penais. Para eles, colocar que a sua profissão não exige qualificação soou desrespeitos e demostrou desconhecimento do prefeito Marco Antônio Lage quanto a realidade de um presídio e o trabalho que ali é realizado.
“Chegou ao conhecimento do Sindicato de que o Sr. prefeito do Município de Itabira era contrário à construção do presídio de grande porte no Município e, dentre outros motivos, falou da baixa qualificação de trabalho, citando os policiais penais e servidores do sistema prisional”, diz trecho do documento. Em outro momento, o ofício destaca que o “o Sindicato da Polícia Penal de Minas Gerais vem mostrar ao Sr. prefeito o quão equivocado ele está, já que a Polícia Penal de Minas Gerais, apesar de todas as dificuldades enfrentadas, é uma das mais qualificadas do Brasil (…)”.
Em entrevista à DeFato, o presidente do Sindasp-MG, Jean Carlos Otoni Rocha, destaca que um presídio abriga profissionais de diferentes áreas de atuação, como a saúde e setores gerenciais, que necessitam de qualificação técnica para a sua execução. Além disso, reforça que para a manutenção das unidades prisionais é necessário preparo e treinamento.
Outro ponto destacado por Jean Otoni é de que para integrar a polícia penal é necessário passar em um concurso público, como está definido na Emenda Constitucional 104/2019: “o preenchimento do quadro de servidores das polícias penais será feito, exclusivamente, por meio de concurso público”.
“Ele não falou apenas dos policiais penais. Em um presídio tem psicólogos, dentistas, médicos, psiquiatras… Então a fala dele não foi somente para os policiais penais, foi também para outros profissionais, como os da saúde e os administrativos, que trabalham no sistema prisional. Todos eles estudam, fazem cursos, passam em concursos para trabalhar ali. Então a fala de que tanto os policiais penais quanto os policiais do sistema prisional não são qualificado mostra que o prefeito está desatualizado e desinformado, pois para ser um policial penal e manter a ordem e a paz dentro de um presídio tem que ser muito qualificado. Porque se não fosse, aquilo ali virava um caos”, ressaltou Jean Otoni.
Outro lado
A DeFato entrou em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura de Itabira solicitando uma posição do prefeito Marco Antônio Lage sobre a nota de repúdio do Sindasp-MG. No final da tarde dessa terça-feira (6) foi encaminhado um posicionamento oficial. Leia a nota na íntegra:
“O prefeito Marco Antônio Lage nega que tenha desqualificado qualquer profissão relacionada ao presídio. Durante a live, que está gravada e pode ser conferida por qualquer pessoa no Facebook, o chefe do Executivo apenas afirmou que o momento de Itabira pede outro modelo de geração de empregos, relacionado a novas empresas que poderão ocupar um futuro distrito industrial no terreno da Fazenda Palestina”.