Itabira perde a líder comunitária Margarida Silva Costa
Ela teve atuação dedicada às causas da comunidade itabirana. Em 2020, em sua homenagem, foi instituído o Ano Municipal do Centenário de Margarida Silva
Itabira perdeu nesta segunda-feira (2) a líder comunitária Margarida Silva Costa, aos 101 anos. Missionária, dona Margarida dedicou-se a obras sociais como a Pastoral do Menor, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e Conselho Municipal do Bem Estar do Menor (Combem) por mais de de 35 anos.
Em homenagem ao seu centenário, 2020 foi instituído o Ano Municipal do Centenário de Margarida Silva. A iniciativa foi proposta pelo ex-vereador Adélio Martins da Costa “Decão” (PMDB) e virou lei em 19 de março de 2019, após o projeto de lei ser sancionado pelo então prefeito Ronaldo Lage Magalhães (PTB).
Em 2020, o vereador José Júlio Rodrigues “Júlio do Combem” (PP) propôs uma Moção de Aplauso à líder comunitária como forma de homenageá-la pelo seu centenário.
Na noite desta segunda-feira, a Prefeitura de Itabira emitiu uma nota de pesar pelo falecimento de dona Margarida:
A Prefeitura de Itabira manifesta profundo pesar pela morte da líder comunitária Margarida Silva Costa, aos 101 anos.
Com atuações marcantes à frente de instituições como o Conselho Municipal do Bem Estar do Menor (Combem) e Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), dona Margarida deixará lacuna impossível de ser preenchida.
No ano passado, quando completou 100 anos, teve todo 2020 dedicado ao seu centenário. Uma homenagem merecida e que fez jus à história construída por ela.
Dona Margarida também teve sua trajetória marcada pela quebra de paradigmas. Foi a primeira mulher a ingressar no quadro de funcionários da Vale e abriu as portas para tantas e tantas outras que vieram depois.
Neste momento de consternação, nos solidarizamos e voltamos os pensamentos a familiares e amigos.
Histórico
Aposentada desde 1975, Margarida Silva Costa nasceu em 10 de junho de 1920. Viúva de Tomaz da Costa Filho, com quem teve seis filhos e oito netos. Dona Margarida, como é popularmente conhecida, sempre trabalhou fora de casa. O que, entretanto, não a impediu de prestar sua solidariedade ao próximo. Dedicou 30 anos de serviços à Vale. Antes, porém, atuou como professora, como escriturária e administradora do Hospital Municipal Carlos Chagas (HMCC).
A morte do seu filho Rubens Rafael, em um acidente automobilístico, deu forças à dona Margarida para se dedicar ainda mais à caridade. A carência das crianças pobres chamou-a a atenção para a dedicação total do serviço. Voluntária desde 1946, neste mesmo ano passou a integrar-se no quadro da LBA. Em seguida trabalhou na Associação de Proteção à Maternidade e Infância de Itabira e no Conselho Municipal de Serviços Comunitários e Obras Sociais.
Desenvolveu um grande serviço na Sociedade São Vicente de Paula. Como consócia exerceu atividades no Asilo São Vicente de Paula e teve atuação destacada na criação de duas unidades da creche Menino Jesus. No Colégio Nossa Senhora das Dores (CNSD) foi componente da primeira diretoria da Associação dos Pais e Mestres. Atuou no SOS – Serviços de Obras Sociais, desde a sua fundação em 1975 e ainda fez parte do Conselho Paroquial da Igreja Nossa Senhora da Saúde.
Entretanto, a maior preocupação de Dona Margarida foi a juventude. No seu ponto de vista, “um país que não se preocupa com a criança, não pode ter um bom futuro. Foi pensando assim que entre 1976 e 1987 participou do Juizado de Menores, fazendo sindicâncias referentes a casos de infratores, desquites, curatelas e colocação de menores em lares substitutos. Esteve presente na elaboração de prioridades na assistência social, apresentadas à Vale. Também atuou decisivamente numa das questões mais polêmicas da cidade: a reforma da cadeia pública.
Dona Margarida, viveu uma atividade incansável, além do tempo dedicado à família, num misto de engajamento social e postura cidadã. Dedicou-se intensamente à Cáritas Diocesana, na Pastoral do Menor, na diretoria da Apae e como membro efetivo do Combem — considerado por ela uma das grandes realizações de sua vida, por se tratar de um trabalho de prevenção contra a marginalidade infanto-juvenil.