Delegada Tauany Abou Rejaili: “seja a protagonista da sua vida. Não se cale”

A delegada conta como é a presença feminina na polícia

Delegada Tauany Abou Rejaili: “seja a protagonista da sua vida. Não se cale”
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A Delegada Tauany Abou Rejaili, de 30 anos, é a única delegada que trabalha na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) de Itabira. Apesar de ter o sonho de fazer medicina, os caminhos mudaram e ela acabou cursando a faculdade de Direito.

No entanto, nunca pensou em ser delegada. Foi após assistir a série “Mecanismo” que se apaixonou pela investigação policial. Então, começou a estudar e, aos 27 anos, foi aprovada em seu primeiro concurso para Delegado de Polícia, no Estado de Minas Gerais.

Presença feminina 

Para a delegada Tauany as mulheres vêm conquistando cada vez mais espaço no mercado de trabalho,  o que vem gerando um aumento significativo da presença feminina nas instituições policiais.

“Apesar desse grande avanço e do tratamento igualitário no ingresso na carreira policial, é notória a existência do preconceito de gênero, já que as mulheres precisam constantemente provar que são capazes de ocupar aquele cargo e desenvolver suas atribuições com qualidade igual ou superior aos homens. Infelizmente a desconstrução desse preconceito em uma unidade policial depende, na maioria das vezes, do desempenho apresentado pela policial feminina, que consciente de estar inserida em um ambiente predominantemente masculino, adota diversas mudanças na aparência física e comportamento pessoal para que possa se enquadrar na identidade exigida pela função policial”, afirma a delegada.

Violência

Segundo Tauany, o que atribui ao grande número da violência contra as mulheres são os fatores sociais e culturais.

“A construção de papéis desenvolvidos pelo homem e mulher surgem de forma cultural em nossa sociedade, e colocam a mulher em uma posição de subordinação e dependência que contribuem para o histórico de violência a que as mulheres estão submetidas dentro do seu lar. Além dessa construção de inferioridade e submissão feminina, outro fator que contribui para a violência doméstica é a condição social e financeira menos favorecida das vítimas, que dificultam a quebra do ciclo de violência”, conclui a delegada.

Quer ser delegada?

Para conseguir ocupar esse cargo é necessário prestar concurso público e, para a delegada, não é fácil. “O concurso é extremamente concorrido e exige muita dedicação e disciplina nos estudos, mas é extremamente gratificante ver o aumento significativo de mulheres ingressando em uma carreira “masculina”. Não existe nada mais forte do que uma mulher determinada a ocupar o lugar que ela quiser, disse.

Alerta

Tauany deixa uma mensagem alertando todas as mulheres que sofrem violência.

“Viver sem violência é um direito de toda mulher. A mulher que se encontra em situação de violência precisa saber que não está sozinha. Romper com o ciclo de violência é difícil, mas o primeiro passo é pedir ajuda e registrar a ocorrência para que o agressor seja responsabilizado. Utilize os canais de denúncia via 190 (Polícia Militar) em casos de situações imediatas, 197 (Polícia Civil) ou Disque Denúncia 180. Também é possível registrar ocorrências através da Delegacia Virtual da Polícia de Minas Gerais. Seja a protagonista da sua vida. Não se cale”, avisa.