“Se alguém não trabalha, que não coma”, diz pastor sobre moradores de rua
O líder da Igreja Batista Redenção disse ainda que eles tem “dever bíblico de passar fome”
O pastor Marcos Granconato, líder da Igreja Batista Redenção, usou suas redes sociais para dizer que “a maioria dos mendigos têm o dever bíblico de passar fome”. A postagem foi feita no domingo (1º), mas já foi retirada do ar. Ainda de acordo com o religioso, os mendigos devem passar fome, “pois Paulo diz aos tessalonicenses: ‘Se alguém não trabalha, que também não coma'”.
A repercussão da publicação chegou a ter mais de 750 comentários e ao menos 250 compartilhamentos, antes de o pastor restringisse os comentários e acessos. Ele foi duramente criticado pelos internautas que puderam comentar. Porém, muitos ainda deixaram mensagens críticas em postagens mais antigas, como uma de janeiro de 2019, em que ele posa para uma foto, segurando uma arma.
Com tem 33 mil seguidores no Instagram e 11 mil no Facebook, o pastor também já divulgou cursos sobre “marxismo cultural”. Após a polêmica, Granconato publicou, nesta quarta-feira (4), uma nota de esclarecimento afirmando que a postagem inicial se referia às pessoas saudáveis que decidiram viver no ócio. Ele explica que o apóstolo Paulo encontrou um grupo que, por pensar que a volta de Jesus Cristo estava próxima, deixou de trabalhar.
O religioso afirma, também, que reconhece o dever cristão de ajudar os pobres, mas tem também o dever bíblico de não incentivar o ócio. Formado em teologia e direito e mestre em teologia histórica, Granconato é também escritor e professor. Ele dá aulas de teologia sistemática, teologia bíblica e história eclesiástica.
A Igreja Batista Redenção, onde ele é pastor desde 1997, fica no bairro Parada Inglesa, na zona norte de São Paulo.
Número recorde de moradores de rua
De acordo com um censo da população de rua em São Paulo, encomendado pela gestão Ricardo Nunes (MDB), o número de pessoas que vivem nessa situação na maior capital do país cresceu 31% durante a pandemia de Covid-19. Em 2021, 31.884 pessoas sem-teto viviam na cidade, 7.540 a mais do que o registrado em 2019, quando eram 24.344 nessa situação. Em relação a 2015, quando havia 15.905 moradores de rua, o número dobrou.
O levantamento, realizado entre outubro e dezembro de 2021, constatou também que o número de famílias que foram morar nas ruas quase dobrou durante a pandemia. Dos 31.884 moradores de rua, 28% afirmaram viver com ao menos um familiar, somando 8.927 pessoas. Em 2019, esse percentual era de 20%, alcançando 4.868.