Monitor de colégio é preso por abuso contra alunos
Homem de 49 anos era investigado por crimes de importunação e abuso sexual contra 13 crianças
Nessa terça-feira (11), a Polícia Civil de Belo Horizonte informou que um homem de 49 anos foi preso pelos crimes de abuso e importunação sexual contra ao menos 13 crianças e adolescentes. Ele trabalhava como monitor em uma escola particular do bairro Nova Suíssa, na capital.
Na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), o delegado Vinícius Dias explicou que o suspeito começou a ser investigado em maio, quando a mãe de uma criança de oito anos prestou queixa contra o funcionário da escola.
“Duas meninas que estavam conversando ao sair do banheiro. Ele brincou dizendo que, se elas estavam conversando muito, era o caso delas namorarem, e perguntou o que elas achavam de dormir no colégio com ele. Como as vítimas tinham idade entre 6 e 15 anos, isso gerou uma aflição nas crianças porque o papel do disciplinador não é esse”, disse o delegado.
A conduta do monitor impressionou até mesmo os investigadores, que ficaram chocados com a forma como ele abusava das crianças. “Ele usava de brincadeiras, como falar que o ‘cachorrão vai te pegar’, ‘a fada madrinha vai passar a varinha no seu cabelo’. Na quadra da escola, onde ele foi nomeado árbitro do futebol masculino e feminino, sempre aproveitava para apalpar os seios, o bumbum e outras partes das crianças”, explicou Vinícius.
Segundo a Polícia Civil, esse comportamento ficou comprovado pelos depoimentos dos alunos e dos pais, e também pelas imagens que foram registradas pelas câmeras da escola que mostram a forma como o suspeito se aproximava e apalpava as crianças. Um fato que chamou a atenção foi um episódio em que esse suspeito puxou a cabeça de uma menina em direção ao seu órgão sexual, fazendo parecer que iria apenas saltar sobre a vítima.
O monitor não tem passagens pela polícia e já havia trabalhado em outras duas instituições de ensino. Ele foi detido temporariamente e, ao lado do advogado, negou os abusos. O homem disse que tudo não passava de uma brincadeira. Mas, as contradições no depoimento chamaram a atenção da polícia.
“Ele não percebeu que não era normal esse tipo de brincadeira, e isso causou estranheza. Num primeiro momento ele fala que não brincava, depois ele fala que brincava. Depois ele diz que não entrava no banheiro feminino, e depois recua. Então, percebemos que ele não se tornou seguro nessas afirmações até pelo volume de vítimas que nos procuraram detalhando as mesmas características do ato praticado”, comentou o delegado.
A prisão poderá ser alterada para preventiva, o que fará com que o suspeito permaneça detido até o fim das investigações. Ele pode responder pelos crimes crimes de abuso sexual e importunação sexual em penas que, somadas, podem chegar a mais de 40 anos de prisão.
Outras investigações
A polícia também vai apurar como a direção da escola se portou em relação às denúncias e se poderia ter agido antes para evitar que esse tipo de crime continuasse sendo cometido. Segundo o delegado Vinícius Dias, o funcionário só foi afastado do cargo depois que a direção foi oficialmente notificada pela Polícia Civil. Isso ocorreu mais de uma semana depois que a primeira mãe registrou a queixa no colégio.
“Se a gente perceber que as coordenadoras e os diretores sabiam dos fatos e foram omissos no afastamento desse funcionário, eles podem responder crimes de importunação na modalidade culposa em virtude da omissão que pode ser determinante para esse tipo de delito”, explica.
Em nota, a escola diz que afastou o funcionário poucas horas após a primeira denúncia, que teria sido registrada no dia 22 de junho. Confira a nota na íntegra.
“A direção da escola informa que sempre esteve à disposição das autoridades policiais para colaborar com as investigações e reafirma que, ao receber a primeira denúncia, em 22 de junho, em poucas horas afastou o então colaborador, que atuava na unidade havia menos de três meses. A gestão manteve, desde o primeiro momento, diálogo transparente com as famílias por meio de atendimento em grupo ou individual. Uma equipe de psicólogos especializados elaborou ações direcionadas aos colaboradores, professores e alunos. O atendimento psicológico da unidade e as atividades acadêmicas sobre o tema também foram reforçados. O colégio uma instituição tradicional, que atua há 35 anos com seriedade e comprometida em oferecer educação de excelência, segurança e conforto aos alunos e seus familiares. A rede declara que a situação é extremamente sensível e está, juntamente com as famílias, trabalhando intensamente para superar esse desafio”.