“Seleção estava desacreditada, mas levou a prata no Mundial”, afirma Zé Roberto
O treinador destacou ainda que o resultado foi bom, pois a equipe vem passando por uma renovação, visando a Olimpíada de Paris, em 2024
De uma equipe desacreditada, o Brasil conseguiu chegar a uma final de Mundial de vôlei feminino. A história só não foi perfeita porque a seleção comandada por José Roberto Guimarães fez uma partida abaixo do esperado contra uma Sérvia arrasadora. No entanto, a medalha de prata, após levar 3 sets a 0, no último sábado (15), não preocupou o treinador. Pelo contrário, o motivou a ir em busca de objetivos ainda maiores nos próximos anos.
“Sempre que você perde, preocupa. Mas isso faz parte. Fizemos um grande campeonato a meu ver. A gente saiu de situações difíceis. Mas, se olharmos para trás, demos passos importantes para o futuro. Nós saímos do Brasil completamente desacreditados e chegamos a uma final de Mundial. E isso diz muita coisa para a gente. O que a gente não pode é, por causa desse jogo, achar que foi tudo ruim. Foi bom. Aproveitamos, aprendemos. Passamos por momentos difíceis e superamos”, analisou o treinador, em entrevista ao canal SporTV.
Zé Roberto deixou claro que o Brasil, por tudo o que fez no campeonato, merecia uma melhor sorte, mas enfatizou o poder de superação de suas comandadas. No sábado, a seleção brasileira cometeu erros de fundamentos, principalmente no terceiro set, e mostrou muito nervosismo durante toda a partida. Nem mesmo Gabi, considerada como uma das melhores jogadoras do mundo, teve um bom dia. A capitã do Brasil fez apenas nove pontos.
“A lição que fica é como nos agarramos nos jogos que conseguimos vencer. Como foi importante. Essa é a lição do que ficou. Porque o Brasil mostrou muita personalidade. Isso os times sabem que o Brasil tem. Acho que a gente tem de manter a cabeça erguida, olhar para frente. Ver o que deu certo e, lógico, o que não, onde cometemos erros. Estou feliz por onde chegamos. O resultado poderia ser melhor, mas chegar em uma final de Mundial não é fácil. O importante é continuar e elas sentirem o que faltou. É um degrau a mais. A energia que esse grupo mostrou foi muito legal em termos de união”, completou.
O treinador destacou ainda que o resultado foi bom, pois a equipe vem passando por uma renovação, visando a Olimpíada de Paris, em 2024. Chegar a uma final de Mundial pegou até mesmo o próprio Zé Roberto de surpresa.
“Eu acho que a gente deu passos largos para chegar onde a gente chegou, em uma renovação que está vindo aí. Achei que foi até precoce. Achei que a gente fez mais do que eu pensei que a gente fosse fazer. Essas jogadoras são muito importantes porque são jovens e ainda têm um caminho grande pela frente. Jogar nesse nível vai ser muito importante para elas”, finalizou.
O Brasil teve vitórias dramáticas durante todo o torneio, batendo grandes seleções como Itália e Japão, ambas favoritas ao título, na semifinal e nas quartas de final, respectivamente.
A final
Com uma equipe renovada, o Brasil foi superado pela favorita Sérvia por 3 sets a 0, com parciais de 26/24, 25/22 e 25/17, na cidade de Apeldoorn, na Holanda. Foi a quarta vez que o time feminino nacional perdeu uma decisão de Mundial, competição que nunca conquistou.
Para a partida, Zé Roberto evitou surpresas na escalação. Manteve Rosamaria no lugar de Pri Daroit, como vinha fazendo, e colocou em quadra a líbero Nyeme, ao lado também de Macris, Lorenne, Gabi, Carol e Carol Gattaz. Ao longo da partida, o treinador colocou em quadra Kisy, Roberta, Tainara e Pri Daroit.
Com a confiança em alta após a dura vitória sobre a Itália, a seleção brasileira começou bem ao aproveitar os seguidos erros de passe da Sérvia no primeiro set. Mas a vantagem foi embora rapidamente e as sérvias viraram em 11/10. Boskovic liderava o time europeu, que se destacava também nos bloqueios — somente Rosamaria parou três vezes neste sólido fundamento das rivais.
O triunfo na primeira parcial fez a Sérvia desacelerar no início do segundo set. E o Brasil abriu 6/2. Somente nesta parcial as brasileiras conseguiram faturar seu primeiro ponto de bloqueio na partida. No entanto, a seleção sérvia passou a reduzir a desvantagem no marcador e cresceu novamente no duelo. A equipe europeia empatou em 16/16 e virou para 19/16.
Sem desanimar, o time brasileiro reagiu prontamente e igualou em 22/22. Porém, a solidez do bloqueio sérvio voltou a ser decisivo no set. E o set point foi sacramentado com ponto neste fundamento. A Sérvia fazia 2 sets a 0 na final e o Brasil não encontrava um caminho para reagir, apesar dos seguidos erros cometidos pela equipe adversária.
Em situação delicada na decisão, Zé Roberto trocou a levantadora Macris por Roberta e colocou Tainara em quadra. As alterações deram efeito rápido, mas não mudaram o panorama do confronto. As sérvias assumiram a ponta no marcador logo no início do terceiro set e não foram mais alcançadas pelas brasileiras.
A diferença chegou a sete pontos, sob a liderança de Boskovic, atleta poupada na Liga das Nações para poder chegar em seu auge no Mundial. Nesta final, ela foi a maior pontuadora, com nada menos que 24 pontos. Pelo Brasil, Lorenne, Gabi e Carol anotaram nove pontos cada.