Cultura: Maíra Baldaia convida Djonga para iniciar o álbum ”Obí”

A cantora itabirana Maíra Baldaia vem preparando através do selo Natura Musical, o seu terceiro álbum de estúdio. ‘‘Obí’’ está previsto para ser lançado em Março, com todas as faixas acompanhadas de trabalhos visuais. Dando início à obra, Maíra lançou em novembro, o videoclipe de “Ogum e as Ayabás”, em parceria com o rapper Djonga. 

Segundo Baldaia, “Obí” vem para evidenciar o seu olhar como artista contemporânea, carregando a sua ancestralidade em sua essência e mostrando o dualismo presente em suas reminiscências ancestrais. O álbum será dividido em dois eixos: Lado A – Amor e Pele; Lado B – Revolução e Destino.

O disco foi selecionado pelo programa Natura Musical, através do Edital 2021, ao lado de nomes como Jup do Bairro, Kaê Guajajara, Elisa Maia e Mostra Pankararu de Música. Ao longo de 17 anos, o Natura Musical já ofereceu recursos para mais de 150 projetos no âmbito nacional, como Lia de Itamaracá, Mariana Aydar, Jards Macalé e Elza Soares.

Para abrir os caminhos do álbum, Maíra convida o rapper Djonga

Maíra Baldaia lançou em novembro o single “Ogum e as Ayabás”. A música veio para iniciar os trabalhos do novo álbum e carrega uma mistura do afro pop mineiro, MPB, e referências sonoras da afro mineiridade, como o congado e o tambor mineiro. A canção buscou mesclar todas essas referências ao flow do rap, versando sobre a evocação de Ogum para resgate do sofrimento.

“Trazemos uma letra instigante que junto com os beats e tambores nos leva a acreditar com corpo e mente que novos tempos são possíveis, pois se Ogum te ver sofrer ele vem junto a um panteão de Ayabás te resgatar para beber do direito de gozar à vida!”, explicou Maíra. 

Além de mesclar essas referências e a ancestralidade afro mineira, Baldaia trouxe uma parceria escolhida a dedo: Djonga, um dos maiores nomes da cena atual do rap/trap brasileiro. Ao comentar sobre a presença do rapper na faixa, Maíra disse que Djonga trás a força e a mensagem direta de temas que geralmente são abordados de forma mais metafórica.

Maíra e Gustavo (Djonga) se conheceram em 2018, durante a gravação do DVD da cantora. Desde então, partilham da amizade, a arte e a espiritualidade em comum. Ambos comungam da religiosidade de matriz africana, e viram na música, a oportunidade de cantar sobre a força de Ogum e do renascimento na luta. 

‘‘É uma honra poder contar com ele para abrir essa nova fase, novo projeto e novo disco, e não teríamos outro tema que nos aproximasse mais do que cantar a força de Ogum e de renascer como Fênix. A gente sabe bem o que é lutar e o que é sorrir na luta. O Gustavo é filho de Ogum, e a Casa onde frequento e foi gravado o clipe, é uma casa guiada por Ogum. Ogum está sempre comigo me protegendo’’

A força do feminino em ”Obí”

O clipe da música foi gravado no bairro Concórdia, local de população majoritariamente negra, com a direção de Baldaia, Tulio Cipó e Tainá Evaristo. A faixa também conta com a produção musical de Guilherme Kastrup – que já produziu discos para Elza Soares – e beats da carioca Larinhx, emaranhado as referências de matriz africana, em uma forma muito contemporânea.

Outra representação da faixa, é a presença das Ayabás, orixás femininas que vem para o resgate. Ao falar sobre essa representação e poder matriarcal das religiões de matriz africana, Maíra Baldaia aproveitou para falar sobre o nome do disco: ‘‘Obí’’, que em yorùbá significa: ‘‘fêmea ou mulher’’. No candomblé, Obí é uma semente, um fruto feminino. 

‘‘Esse nome é um nome muito forte, que desenha e arremata todo o conceito do disco, que bebe dessas ancestralidades pretas, afro-brasileiras e afro mineiras’’, comenta Maíra. 

‘‘Obí’’ vem ao mundo em março, mas antes do lançamento oficial, outros singles serão lançados. Em janeiro, Maíra Baldaia lançará uma faixa com a participação de Marissol Mwaba, cantora brasileira de origem congolesa.

Confira abaixo o clipe de “Ogum e as Ayabás” e a galeria de fotos, feitas por @coniiin.