“Governador Zema participará ativamente do processo político de Itabira”, garante Reginaldo Calixto
O partido Novo teve um desempenho pífio nas eleições para a Presidência da República. O candidato Felipe D`Avila alcançou apenas 559.708 votos, ou 0,47%. No pleito para governador de Minas Gerais, a história foi completamente diferente. Romeu Zema ganhou no primeiro turno, com 56,8% dos votos válidos. O governador ainda foi um importante cabo eleitoral […]
O partido Novo teve um desempenho pífio nas eleições para a Presidência da República. O candidato Felipe D`Avila alcançou apenas 559.708 votos, ou 0,47%. No pleito para governador de Minas Gerais, a história foi completamente diferente. Romeu Zema ganhou no primeiro turno, com 56,8% dos votos válidos. O governador ainda foi um importante cabo eleitoral de Jair Bolsonaro (PL), no segundo turno da eleição presidencial. No turno inicial , Lula fechou com 43,48% de votos. Na etapa decisiva, o petista obteve 50,20% dos votos válidos contra 49,80% do ex-presidente. De olho nesses percentuais, o empresário, ex-vice-prefeito e ex-secretário de Desenvolvimento Econômico, Reginaldo Calixto de Oliveira, decidiu apostar na implantação de uma Comissão Executiva do Partido Novo, em Itabira.
A solenidade de lançamento aconteceu em 5 de junho, na Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL). Calixto concedeu uma entrevista exclusiva ao programa “Sala de Visitas” da TV DeFato. Na oportunidade, ele revelou as metas do Novo para as eleições municipais de Itabira, no ano que vem, e fez uma avalição sobre a atual administração da cidade. O ex-vice-prefeito declarou que a agremiação concorrerá com candidato a prefeito e candidatos a vereador. E mais: garantiu que o governador Romeu Zema participará ativamente do processo político de Itabira. Leia e assista a entrevista exclusiva.
DeFato: o senhor esteve afastado da atividade política por cerca de oito anos. Numa outra entrevista à DeFato, no ano passado, até deixou transparecer uma certa desilusão com a política. Mas, agora, assume a direção do Partido Novo, em Itabira. O que motivou essa mudança de postura? Por que o senhor está retornando à política?
Reginaldo Calixto: Na verdade, a minha história no Partido Novo iniciou em Belo Horizonte. Eu tenho um restaurante, lá na capital mineira, que começou a ser frequentado pela liderança do Partido. O próprio governador Romeu Zema já esteve lá. Esses políticos, então, ficaram sabendo que eu estou à frente de várias instituições filantrópicas e sociais, e que sou empreendedor de negócios, aqui em Itabira. Eu também tive uma experiência na vida pública (vice-prefeito entre 2013 e 2016). A partir do conhecimento da minha história de vida, essas pessoas me convidaram para assumir a Comissão Executiva do Partido Novo, aqui na cidade. Eu acho que, dessa forma, eu posso contribuir com a terra onde nasci.
DeFato: Então, pelo que se percebe, a sua tal desilusão com a política é um assunto do passado…
Reginaldo Calixto: Determinada noite, em minha casa, eu recebi a seguinte mensagem, no meu Instagram: “o castigo dos bons, que não participam da política, é ser governado pelos maus”. Depois de refletir sobre essa mensagem e conhecer um pouco mais sobre o Partido Novo, que tem como foco uma política de desenvolvimento e geração de emprego e renda, eu resolvi voltar à política. O Novo não aceita ficha suja como filiado. É um Partido que entende que o dinheiro é para beneficiar à população, principalmente nas áreas de saúde, educação e segurança pública. O Partido Novo também não aceita recursos do Fundo Partidário. Eu acho isso muito interessante, porque o dinheiro do imposto, que a população paga, não deve ser utilizado em benefício de partidos políticos. Então, esse conjunto de atribuições do Partido Novo me convenceu a retornar à atividade política, depois de oito anos.
DeFato: O Partido Novo chega a Itabira apenas para ser um mero componente da paisagem política, ou pretende assumir algum protagonismo no processo eleitoral do ano que vem?
Reginaldo Calixto: O Partido vai lançar candidato a prefeito e candidatos a vereador nas eleições do ano que vem. A liderança estadual determinou que o partido terá um candidato a prefeito em Itabira. Inclusive, esse é o desejo do próprio governador. Itabira, esse ano, arrecadará mais de R$ 1 bilhão. É uma cidade estratégica, de muita importância. Então, precisamos desse protagonismo para que o estado possa ajudar a cidade a prosperar. Porque entra prefeito, sai prefeito e a cidade não prospera. A administração pública não entrega um resultado à altura da arrecadação da Prefeitura…
DeFato… E a cidade encontra-se na iminência da exaustão do processo de exploração mineral. O que acontecerá quando a Vale encerrar as suas atividades?
Reginaldo Calixto: Essa (a exaustão mineral) é também uma preocupação do governo de Minas Gerais e do próprio Partido Novo. Minério é uma fonte esgotável. Itabira, pela sua importância a nível de estado e a nível de Brasil, é uma cidade onde o governo do estado pretende entrar com ações e projetos, para que o município possa avançar. Isso será mais fácil com um Partido Novo forte, em Itabira.
DeFato: Normalmente, alguns políticos se lançam pré-candidatos a prefeito, mas, na realidade, estão de olho no cargo de vice-prefeito. Acaso, essa é também uma estratégia do Partido Novo?
Reginaldo Calixto: Essa realmente é uma realidade que acontece em Itabira e outras cidades. O Partido Novo- de acordo com a sua direção estadual- lançará em Itabira, no ano que vem, candidato a prefeito e candidatos a vereador.
DeFato: O senhor foi vice-prefeito por quatro anos e, durante dois anos e meio, ocupou também o cargo de secretário de Desenvolvimento Econômico. Então, desempenhou funções estratégicas no município. Nessas circunstâncias, nesse momento, estamos diante de um pré-candidato a prefeito?
Reginaldo Calixto: Muitas pessoas têm feito essa pergunta. Olhe, essa decisão (de ser ou não candidato) não passa por mim. Até porquê, é preciso entender o que a população espera do próximo prefeito de Itabira, o que a cidade espera que o próximo administrador faça com o dinheiro do cidadão que paga impostos. Eu prefiro entender o que a população espera do novo administrador da cidade. É preciso saber de que forma eu posso ajudar. De todo jeito, eu afirmo que, no próximo ano, eu estarei participando ativamente do processo político, pois sou o presidente da Comissão Executiva do Partido Novo.
DeFato: Essa postura deixa claro que o senhor é um potencial candidato a prefeito…
Reginaldo Calixto: Sim, essa possiblidade existe. Até porquê, qualquer cidadão pode se candidatar, desde que filiado a algum partido. Qualquer pessoa pode se candidatar a prefeito ou vereador. Então, essa possibilidade existe, mas a minha preocupação, no momento, é entender quais são os anseios da população. Essa também é a preocupação da Comissão Executiva do Partido Novo, aqui em Itabira, embora a gente já conheça a maioria dos anseios dos itabiranos. Mas precisamos nos unir em torno de um projeto para uma nova Itabira, uma Itabira melhor para todos.
DeFato: Vamos tocar na questão ideológica. O senhor desenvolve uma importante atividade filantrópica no município, uma ação mais em sintonia com uma perspectiva progressista. O Partido Novo, porém, segue uma cartilha nitidamente liberal, que prega o afastamento do estado do assistencialismo. Como o senhor conseguirá conciliar vertentes tão antagônicas na administração pública?
Reginaldo Calixto: O meu trabalho, durante muitos anos, sempre foi muito voltado para o social. Mas eu entendo que as pessoas precisam de mais sustentabilidade, que só é obtida através da constituição de uma empresa, de um negócio ou de um MEI. Ou seja, trabalhando ou prestando serviço. Eu entendo que, a partir do momento em que o cidadão tenha sua liberdade econômica, ele terá uma melhor qualidade de vida, uma saúde melhor e uma boa educação. Enfim, um futuro melhor para a sua família e seus filhos. Então, eu acredito que a população quer trabalhar. A população não quer ficar dependendo de política estatal de assistencialismo. Muitas pessoas, porém, não têm a oportunidade de trabalhar, alcançar uma educação adequada ou ter alimentação de qualidade. Aí, o Estado tem que entrar em apoio a essas famílias. Eu concordo com a ideologia do Partido Novo, que é gerar oportunidades de trabalho e renda para as pessoas. Mas o próprio Partido Novo entende que, em alguns casos, o poder público necessita ajudar àquelas pessoas que que não têm o básico para sobreviver, como alimentação, saúde e educação. O Partido Novo, que está crescendo muito, não tem uma ideologia radical.
DeFato: Romeu Zema é um dos principais cabos eleitorais do país, e isso ficou muito claro no segundo turno da eleição presidencial. O senhor tem a esperança de que o governador se empenhe devidamente numa candidatura a prefeito, aqui em Itabira?
Reginaldo Calixto: Eu tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente. Romeu Zema é um empreendedor de sucesso. Ele não precisava de se envolver na política. Ele foi convidado para participar (da política) e entendeu que podia contribuir. O governador é uma pessoa honesta, ficha limpa e administrador competente. Graças a essas qualidades, ele enfrentou dois grupos políticos fortes (PT e PSDB) e venceu com poucos recursos financeiros. O recado dele (Zema) foi simples: “vamos administrar o estado como você administra a sua casa. Vamos reduzir as despesas e controlar as perdas”. E, com esse discurso, Zema conseguiu desenvolver um mandato muito difícil, com êxito. Eu, como eleitor e pagador de impostos, quero uma administração como a de Romeu Zema.
DeFato: Itabira é uma das principais cidades de Minas Gerais, com um dos maiores PIBs do Estado. É o município com a sétima arrecadação. A exaustão das minas da Vale, porém, pode trazer sérios problemas socioeconômicos para o município. Por isso, vou repetir a pergunta: o governador vai se empenhar devidamente por alguma candidatura a prefeito, no processo eleitoral de Itabira, no ano que vem?
Reginaldo Calixto: Sim. Como eu disse, a liderança do Partido Novo e o governador Zema já me informaram que Itabira terá candidato a prefeito e candidatos a vereador. Essa estratégia conta com o apoio do Partido e do governador Zema. E se a campanha for vitoriosa, estarão (o Novo e o governador) empenhados em ajudar a governar Itabira. Isso contribuirá para que Itabira seja mais próspera.
DeFato: O senhor já tem certa experiência na administração pública. Então, tem todas as condições para fazer uma avaliação sobre a atual gestão do município. Como o senhor define o governo Marco Antônio Lage?
Reginaldo Calixto: Olha só, administrar uma cidade é um desafio muito grande. O administrador tem de estar muito preparado e tem que contar com uma equipe muito capacitada. Mais de R$ 1 bilhão entram nos cofres públicos de Itabira anualmente. Agora, quem tem que avaliar o governo é a população. O ano que vem é o momento da população fazer essa avaliação, exatamente nas urnas. O atual prefeito terá uma avaliação decisiva. Mas, existem algumas questões, no âmbito da administração municipal, que eu não faria. Por exemplo: a gente sabe que a maior parte dos secretários é de fora da cidade. Então, você deixa de gerar vários postos de trabalho, em Itabira. Eu entendo que a geração de um posto de trabalho vale ouro. Geração de empregos, em minha opinião, é a mola propulsora do desenvolvimento de uma cidade. Quando você traz (de fora) um número muito grande de assessores, como é o caso da atual administração, é complicado. Alguns secretários chegam aqui na terça-feira, vão embora na quinta-feira e nem moram na cidade. Não conhecem as lideranças de Itabira, não sabem das reais dificuldades do município e não entendem os clamores dos itabiranos. Então, eu não faria uma administração com tanto secretários de fora. Eu valorizaria a nossa gente. Em Itabira há muitas pessoas talentosas. Muitos servidores públicos têm a experiência de décadas na administração pública. Outra situação negativa do atual governo é a falta de diálogo com a população…
DeFato: … mas, o Governo Marco Antônio Lage implantou o Orçamento Participativo, que também é uma importante ferramenta de interação direta com a sociedade…
Reginaldo Calixto: Eu acredito que ele (Marco Lage) deveria ter implantado o Orçamento Participativo no início do governo. E nós já estamos encaminhando para o fim do governo. Já se passaram praticamente dois anos e meio (do mandato). Hoje, eu conversei com a moça, que trabalha na minha casa, e perguntei: o que você acha do transporte público? Qual sua opinião sobre a redução do preço da passagem? Aí ela me respondeu: “O ônibus está cheio, você tem que ir em pé e, dependendo do horário, o ônibus passa direto no ponto”. Ela (a empregada) ainda me disse que os R$ 35 milhões do subsídio deveriam ter sido investidos não ampliação do Pronto Socorro, para salvar vidas ou na construção de escolas de tempo integral, para que os nossos filhos tenham uma melhor educação. Eu, particularmente, acho que esse dinheiro (do subsídio) deveria ter sido aplicado na construção de um novo Distrito Industrial, e nós já temos uma área para isso, lá na Fazenda Palestina.