OPINIÃO: Ao atacar sistematicamente a imprensa, Marco Antônio se aproxima mais de Bolsonaro do que de Lula

Críticas à parte da mídia itabirana são uma constante do prefeito itabirano

OPINIÃO: Ao atacar sistematicamente a imprensa, Marco Antônio se aproxima mais de Bolsonaro do que de Lula
Foto: Gustavo Linhares/Agência Brasil/Inshot
O conteúdo continua após o anúncio


Marco Antônio Lage se apresenta como um progressista do campo da esquerda. E é inegável que boa parte do seu secretariado e algumas ações da sua gestão seguem este viés político. No ano passado, o prefeito itabirano declarou, abertamente, apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais vencidas pelo petista. Até foto com o atual presidente da República Marco Antônio possui em suas redes sociais.

Até aí, nada de errado. Porém, um fator importante distancia o pessebista do líder progressista que ele tanto admira: o tratamento à imprensa. Neste ponto, Marco Antônio Lage se aproxima muito mais de Jair Messias Bolsonaro.

Era parte do método bolsonarista (ainda é, na verdade) os contínuos ataques à mídia, vista por ele como uma inimiga. Para o ex-capitão, quase toda a imprensa brasileira é esquerdista e deseja derrubá-lo a todo custo. Ataques, claro, que carregam um pouco das próprias convicções de Bolsonaro mas que também servem como capital político. Ao escolher e atacar seus inimigos da imprensa, o último presidente do país também mobilizava sua base.

Talvez a intenção de Marco Antônio também seja essa, talvez não. De qualquer forma, é uma postura triste, já que se trata, inclusive, de alguém com trajetória relevante no meio jornalístico. E dono da promessa, feita nas eleições municipais de 2020, de que respeitaria a liberdade de imprensa.

Mas é importante salientar que muitas das “críticas” feitas à gestão itabirana partem, na verdade, da população. Cabe à mídia atuar como porta-voz do povo que, por inviabilidade ou desconhecimento, não tem acesso ao poder público. Nosso portal, por exemplo, possui quase 80 mil seguidores no Instagram, praticamente 69% da população local (mesmo considerando, obviamente, que nem todos os seguidores são de Itabira).

Imaginem o volume de demandas que recebemos diariamente! Deveríamos ignorá-las? De forma alguma. Nosso papel é apurar, produzir e SEMPRE ouvir o outro lado. Sempre.

E falando assim, parece até que não falamos das flores. Há alguns dias, um texto da coluna Balaio de Gato destacou a moral da secretária Natália Lacerda – grande acerto da gestão Marco Antônio – até entre os opositores. O setor cultural, inegavelmente, passa por uma grande reformulação e registrou recentemente um ótimo show da espetacular Alcione, também relatado em outra matéria. A Assistência Social, conduzida por Nélia Cunha, também possui bons feitos, mesmo atuando no limite, devido à falta dos recursos federais. Dentre várias outras publicações sobre ações positivas da Prefeitura e que podem facilmente ser encontradas no site.

Mas isso parece passar despercebido pelo prefeito de Itabira e alguns dos seus defensores mais ferrenhos, que volta e meia entopem nossas publicações de comentários não tão elogiosos. Inclusive, quase sempre os mesmos nomes, entre secretários (que poderiam aproveitar a oportunidade para promover correções em seus próprios trabalhos) e donos de cargos comissionados. Esses últimos, aliás, também costumam se fazer presentes em reuniões de Câmara, sempre causando um dano maligno ao já inflamado ambiente político de Itabira. 

Mas voltando ao ponto inicial do texto, goste-se ou não de Lula, há de se concordar que ele possui muito mais argumentos para reclamar da imprensa do que o atual mandatário itabirano. O presidente da República é símbolo do antipetismo propagado, também, por importantes veículos de imprensa brasileiros. Por isso, costuma ser criticado duramente diante de qualquer movimento.

Marco Antônio, por outro lado, é cobrado por questões muito menos profundas. A péssima pavimentação das ruas de Itabira (sim, problema que não se restringe à sua gestão), a falta d’água em inúmeros bairros, as constantes trocas em seu secretariado – que dificultam qualquer projeto a longo prazo -, a falta de diálogo junto aos vereadores…

Situações comuns ao prefeito de uma cidade como Itabira, mas que ele não parece disposto a encarar ou tampouco esclarecê-las, como exige seu cargo. Porém, nossa postura, como imprensa, deve ser outra. Mesmo que isso custe alguns ataques gratuitos.