Vale não sabe informar se mais famílias serão removidas nos bairros Bela Vista e Nova Vista

A possibilidade de uma terceira fase de remoção de moradores ainda está em aberto, pois a mineradora segue fazendo estudos para as obras de descaracterização do Sistema Pontal, em Itabira

Vale não sabe informar se mais famílias serão removidas nos bairros Bela Vista e Nova Vista
Foto: Guilherme Guerra/DeFato
O conteúdo continua após o anúncio


No encontro realizado na noite de quinta-feira (17) com moradores dos bairros Bela Vista e Nova Vista, em Itabira, a mineradora Vale disse que não sabe informar se mais famílias serão removidas de suas casas para a conclusão das obras de descaracterização do Sistema Pontal, em Itabira. Segundo Marcelo Cabral, representante da empresa e coordenador de relacionamento com comunidades, desde 2021 já foram elaboradas duas fases de negociação para a remoção de moradores das áreas de risco, que impactaram 45 famílias. 

A possibilidade de uma terceira fase de remoção ainda está em aberto, pois a mineradora ainda realiza os estudos da Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ) 2. Esse levantamento vem sendo elaborado desde fevereiro de 2021, possui sete estágios e, somente em agosto deste ano, alcançou a sua quarta etapa. 

“A gente aguarda a maturidade do projeto para poder informar se teremos ou não uma terceira fase [de remoções]. Foi apresentada a proposição do projeto e a empresa Aecom, como auditora, vai avaliar pra gente poder avançar para o projeto básico. […] A gente ainda não tem esse estudo finalizado”, disse Marcelo Cabral. 

Conforme apresentado pela Vale, já foram descaracterizados no Sistema Pontal os diques 3, 4 e 5. A Vale também concluiu a obra da Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ 1) Coqueirinho, que segundo a mineradora vai garantir mais segurança no processo de eliminação dos diques Minervino e Cordão Nova Vista, previstos para serem finalizados até setembro de 2029. 

Aflição sem fim

“A angústia dos moradores é sempre a mesma. A gente vem na reunião, mas infelizmente já sabemos as respostas. A gente vem com aquela esperança mínima, né? Sempre esperamos uma resposta que tranquilize os moradores”, desabafou Maria Inês, moradora do bairro Bela Vista. De acordo com ela, há mais de dois anos os moradores da ‘‘cidade alta’’ estão angustiados sem saber se vão ter que sair ou não das suas casas, em decorrência das obras da ECJ 2. 

Se for sair, vai pra onde? Se for ficar, como estar em uma área que é de risco, que está cheia de poluição, que está cheia de problemas, de mau cheiro, de esgoto a céu aberto? […] O que os moradores precisam é de fatos concretos para que eles possam colocar a cabeça no travesseiro e ter uma noite de sono tranquila”, acrescentou Maria Inês.

Foto: Guilherme Guerra/DeFato