Bernardo Rosa quer que Vale reverta mais de R$ 12 milhões de multas em projetos de diversificação econômica
Vereador fez críticas à empresa mineradora na reunião de Câmara da última terça-feira
De volta de uma viagem a Marabá, o vereador Bernardo de Souza Rosa (Avante) teceu duras críticas à Vale nesta semana. Assim como Itabira, o município paraense possui importante influência da mineração, embora a dependência não seja tão grande quanto (cerca de 20% da economia marabaense provém da atividade). Em 2021, Marabá instaurou uma CPI, ainda em andamento, para investigar possíveis sonegações tributárias da Vale.
Na reunião ordinária da última terça-feira (3), Bernardo Rosa apresentou um levantamento, feito junto à Secretaria Municipal de Meio Ambiente, das multas recebidas pela Vale, desde 2011, pela poluição causada em Itabira. Os valores ultrapassam os R$ 12 milhões.
“Pedi um levantamento com relação ao impacto da poluição da mineração em Itabira por particulados, que são emitidos na extração mineral. E temos notificações, depois multas, no valor de R$ 12.284.470 que já foram aplicados à Vale. Desses valores, quatro já estão ajuizados e três em processos administrativos. A gente quer que a Vale também tenha uma parcialidade para sentarmos e resolvermos isso, porque são valores vultosos. Reivindicamos diversos recursos e estes são recursos que podemos aplicar na diversificação econômica”, discursou o vereador.
“Semana passada tivemos um cozinheiro francês famoso em Itabira (Érick Jacquin), e teve um rapaz, Guilherme, que ele provou do croissant do rapaz e falou ‘o seu croissant é melhor que o de São Paulo’. Mas hoje o rapaz não tem condições de ampliar seu negócio por falta de recursos. Fiz o levantamento, nós temos 6.000 MEIs, e talvez destes 6.000 a gente tenha 1.000, 1.500, 2.000 ou até sua totalidade de pessoas com potencial para ampliar seu negócio”.
O advogado deu outros exemplos de investimentos em capacitação que poderiam ser feitos pela gigante da mineração. Bernardo Rosa ainda alertou para a possibilidade de Itabira se tornar uma cidade fantasma.
“Não adianta a gente fazer cursos profissionalizantes de secretariado, hotelaria… mas que não são atinentes à atividade de mineração. Temos caminhões que vão ser controlados por GPS, que precisam de manutenção, por que a Vale não faz o centro de formação de pessoas para manutenção desses caminhões? Temos caminhão elétrico, por que não faz o centro de formação de manutenção de caminhão elétrico? Então essa é uma perspectiva que a gente vai começar a trabalhar até pela comissão de mineração… eu vou trazer aqui o levantamento das cidades que findaram a atividade de mineração e viraram cidades fantasmas. Temos duas cidades próximas aqui, Rio Piracicaba e Santa Bárbara. E o reflexo é imediato e preocupante”, pontua Bernardo Rosa.
Críticas do presidente
Crítico ferrenho da Vale, o presidente da Câmara, Heraldo Noronha Rodrigues (PTB), também cobrou maior contribuição da empresa na economia itabirana. O petebista classificou a relação da corporação com o município como um “assédio moral”.
“A gente sabe que devemos muito à Vale, mas ela deve muito mais a nós, itabiranos. E a gente vê que a Vale é um mal filho, que trata sua mãe com migalhas. O que a Vale faz com o itabirano é um assédio moral. A todo tempo, ela faz o itabirano temer o fechamento de minas. Diz que vai ter demissão, vai fechar isso e aquilo, que Itabira se tornará um marasmo. Muitas vezes ela fala que não compensa fazer extração mineral aqui. Então você vê que ela faz um assédio moral, ela causa estresse ao itabirano e demoniza a cidade de Itabira com a ameaça de ir embora a todo tempo”, opina o presidente do Legislativo.