Israel intensifica ataques ao Hamas na Faixa de Gaza nesta segunda-feira; conflito já tem mais de mil mortos

Para o analista Aluf Benn, os ataques de sábado foram os piores golpes sofridos por Israel desde 1948

Israel intensifica ataques ao Hamas na Faixa de Gaza nesta segunda-feira; conflito já tem mais de mil mortos
Foto: Reprodução/X

Depois de declarar guerra e prometer destruir o Hamas, Israel intensificou os bombardeios na Faixa de Gaza nesta segunda-feira (9). Ao mesmo tempo, soldados israelenses tentavam proteger a fronteira e expulsar os membros do grupo islâmico que ainda permanecem na região. Até o momento, o número de mortos no conflito já passa de 1.200 pessoas — além de 130 prisioneiros feitos pelo Hamas.

O porta-voz do exército israelense, Richard Hecht, afirmou que a caça ao Hamas está demorando mais do que o esperado por causa de brechas na fronteira. “Pensávamos que estaríamos em uma situação melhor [nesta segunda] pela manhã”, disse Hecht. Os combates ocorrem em “sete a oito” locais no sul de Israel.

Os militares israelenses disseram já ter atingido mais de mil alvos na Faixa de Gaza. O contra-ataque inclui bombardeios, como que arrasou grande parte da cidade de Beit Hanoun, no nordeste da Faixa de Gaza. “Continuaremos a atacar desta forma, e com esta força, continuamente, em todos os [locais] e rotas utilizadas pelo Hamas”, disse o contra-almirante israelense Daniel Hagari.

Pelo menos 700 pessoas foram mortas em Israel desde sábado (7), quando começou a ofensiva do Hamas. Em Gaza, já são 400 vítimas. O grupo islâmico diz manter mais de 130 prisioneiros. Também foram registrados mais de 2 mil feridos no conflito.

Promessa de aniquilação

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, prometeu no domingo (8) aniquilar o Hamas após os ataques de sábado. “Será uma guerra longa e difícil”, disse o premiê, que aconselhou a todos os palestinos que vivem em Gaza a fugir imediatamente.

Netanyahu afirmou ainda que as forças israelenses entrariam em uma “fase ofensiva” da guerra. “Ela continuará sem limites nem tréguas até que os nossos objetivos sejam alcançados”, acrescentou.

Os soldados de Israel passaram o domingo combatendo militantes do Hamas ainda em território israelense. Os militares de Israel relataram combates em sete comunidades fronteiriças e em uma base militar. Tanques foram vistos cruzando terras agrícolas em partes do sul de Israel em direção a Gaza.

Combates

Abu Ubaida, porta-voz das brigadas Izz ad-Din al-Qassam, o braço militar do Hamas, afirmou que os combates continuam em diversas áreas perto da fronteira de Gaza, incluindo Zikim, Sufa e Mefalsim. Ele afirmou que o grupo conseguiu tomar uma nova leva de reféns israelenses no domingo.

Em 2006, o sequestro feito por militantes islâmicos de um único recruta, Gilad Shalit, consumiu a atenção da sociedade israelense por anos — uma pressão que levou Israel a concordar com a libertação de mais de mil prisioneiros palestinos, muitos dos quais haviam sido condenados por terrorismo.

O Hamas, grupo que controla Gaza, continuou no domingo a disparar foguetes contra Israel, atingindo a cidade de Sderot, ferindo pelo menos uma pessoa. As autoridades israelenses emitiram um alerta para que os moradores não saíssem de casa, porque se acreditava que militantes palestinos poderiam novamente se infiltrar na cidade.

Os ataques por terra, ar e mar lançados por militantes palestinos no sábado — a pior invasão sofrida por Israel em 50 anos — fez o governo israelenses responder com bombardeios pesados a Gaza.

Reforço

Dezenas de reservistas israelenses partiram no domingo para suas bases, depois de Netanyahu convocar uma mobilização nacional. O governo também determinou a retirada dos moradores de 24 aldeias perto da fronteira, uma indicação de que Israel estaria preparando uma operação terrestre contra a Faixa de Gaza.

Civis

Para o analista Aluf Benn, os ataques de sábado foram os piores golpes sofridos por Israel desde 1948. “Em 1973, Israel foi apanhado de surpresa, mas os combates ocorreram longe dos civis”, disse Benn ao jornal Haaretz. “Este foi um ataque contra civis e, pela primeira vez, temos dezenas de prisioneiros de guerra. As pessoas estão tentando desesperadamente descobrir o que aconteceu com seus parentes”, avaliou.

* Com Estadão Conteúdo.