“Sai de baixo!”
Uma bomba caiu em Hiroshima, no Japão, há quase 80 anos e o mundo até hoje chora suas funestas consequências. Outra despencou-se em Itabira na semana passada. Quem viu?
Na semana passada, uma bomba atômica estourou em Itabira, mas seu barulho foi de um traque ou algo assim parecido com fogos de artifício para 90% da população. Restou uma pergunta à consciência pura: como Itabira pode reviver Hiroshima sem notar? Impossível, só uma meia dúzia arrepiou-se. E está de pés e mãos amarrados.
Vamos tentar esclarecer mais uma vez o drama que Itabira está vivendo e muitos não abririam mão, sequer de um dia de Carnaval para refletir sobre a situação que tende a ser a maior tristeza histórica do milênio. Ora, os resultados virão infalivelmente no “amanhã de depois de amanhã”, como é o título de um filme que virou um dos nossos fantasmas. Anotem:
— O minério de ferro chegou a 220 dólares a tonelada em 2021. Essa cotação influencia o ICMS nos anos de 2023 e 2024. Ou seja, este é o último ano da equivalência do minério a 220 dólares. O fato significa que os cálculos para a partir de 2025 serão bem menores e sequentemente decrescente. O total orçamentário sofrerá uma brusca queda.
— Em 2025, o cálculo será com base na média de 2022 e 2023. Neste ano (2024), comparado ao ano passado, Itabira receberá o ICMS 36% menor do que 2023. Em 2025 (comparado a 2023), o ICMS deverá ser 50% menor ainda. A conclusão é uma pergunta: a Prefeitura de Itabira vai tomar dinheiro emprestado para cumprir os seus compromissos? Pense nisto: chegará à condição mais desesperadora possível e os entendidos vão perguntar: até quando? A resposta: infinitamente, até chegar no zero.
— Para piorar o quadro, por outro lado, o custeio será muito maior em 2025, comparado a 2023, em virtude do novo Plano de Cargos e Salários e subsídio ao transporte, entre outras despesas. Não diga que será inalterado porque o apocalipse psicológico entra em campo. Até furar a bola do jogo.
— Não deve faltar dinheiro hoje, agora, até o fim do ano. Itabira recebeu muitos recursos em 2021/2023 e tem muita sobra de caixa. Este ano deve utilizar a sobra, provavelmente zerar o caixa, com despesas de custeio (folha de pagamento, encargos, fornecedores etc.).
— A partir de 2025, virá, infalivelmente, a dificuldade e será impossível manter o custeio no ritmo atual: o próximo prefeito terá a tarefa de cortar despesas… ou endividar a cidade. Os candidatos ao cargo estão aparecendo. Quem enfiará seu pescoço na guilhotina e será o vilão da história? Este será o tema que terá maior discussão no teatro da campanha eleitoral, deixando de lado até mesmo aeroporto, parque tecnológico, água, penitenciária, lixo, buracos e o que mais houver para distrair o eleitorado.
— Mudando para o lado dos aposentados e pensionistas, o aumento dos servidores da ativa impacta também seus proventos com o novo Plano de Cargos. Para garantia dos beneficiados, é feito um monitoramento anual para saber se os recursos do ItabiraPrev serão suficientes para sustentar as despesas. Caso não sejam, a alíquota de contribuição da Prefeitura (ao ItabiraPrev) aumenta proporcionalmente para equilibrar a conta. E vem aí a incontida bolha de neve remando o bolsão de pobreza que a própria Vale previu no seu nascedouro.
Quem torce pela nossa cidade precisa ter a cabeça no lugar e interessar-se pela nossa salvação. Trata-se de responsabilidade com nossos filhos, netos, bisnetos. No andar da carruagem, que chega às portas do mar para pegar uma nau sem rumo estará nos aguardando a derradeira ação. Para que evitemos o suicídio. A Vale deixará a sua responsabilidade em nossas mãos e terá mil desculpas a apresentar. Salvemo-nos ou morremos. Quem nunca teve nada com isso, dirá apenas:
“Sai de baixo!”
Fonte: Um profissional que entende do tema, muito respeitado em toda Minas Gerais. Em quem todos creem também.