Bolsonaro diz ao STF que foi à embaixada da Hungria “tratar de política internacional”

A visita foi revelada pelo jornal The New York Times e insinua que o ex-presidente pretendia pedir asilo caso sua prisão fosse decretada

Bolsonaro diz ao STF que foi à embaixada da Hungria “tratar de política internacional”
Foto: Reprodução/The New York Times

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou ao Supremo Tribunal Fderal (STF) que foi até a Embaixada da Hungria tratar de “assuntos estratégicos de política internacional de interesse do setor conservador”. A informação é uma resposta ao ministro Alexandre de Moraes que pediu esclarecimentos sobre a estadia do político no local em fevereiro, logo após ele ter sido alvo de um mandado de busca e apreensão do passaporte.

A visita foi revelada pelo jornal The New York Times e insinua que o ex-presidente estava em aparente tentativa de pedir asilo caso sua prisão fosse decretada. Bolsonaro permaneceu na embaixada da Hungria por dois dias, onde pernoitou, inclusive.

“O peticionário mantém a agenda política com o governo da Hungria, com quem tem notório alinhamento, razão porque sempre manteve interlocução próxima com as autoridades daquele país, tratando de assuntos estratégicos de política internacional de interesse do setor conservador”, afirma o ex-presidente em documento enviado por sua defesa.

No mesmo documento, os advogados ressaltam que ele não tinha razão para temer a prisão, naquele momento, já que tinha sido alvo de medida cautelar diversa à prisão: “Contrariando quaisquer insinuações infundadas sobre a intenção do Peticionário, temos o fato de que, dias antes da visita à embaixada, foi proferida decisão do Ilmo. Ministro Relator impondo medidas cautelares consistentes na apreensão do passaporte e a proibição de se ausentar do país, o que já indicava que a decretação de uma medida mais severa, como a prisão preventiva, não estava iminente. Portanto, diante da ausência de preocupação com a prisão preventiva, é ilógico sugerir que a visita do Peticionário à embaixada de um país estrangeiro fosse um pedido de asilo ou uma tentativa de fuga. A própria imposição das recentes medidas cautelares tornava essa suposição altamente improvável e infundada”.

Os defensores do ex-presidente alegam que ele não tinha a intenção de pedir asilo político, nem de tentar evitar a aplicação da lei.

O ex-presidente afirma que “por ora” não tem motivos para não confiar na Justiça. “O respeito e a crença pelo Estado Democrático e de Direito é pujante no peito do Peticionário que, em que pesem as perseguições, segue acreditando na Justiça e consequentemente, ao menos por ora, não tem qualquer razão para fazer qualquer movimento no sentido de dar a indevida sensação de desconfiança ou falta de respeito a ela”, alega.

A partir dessas informações, o ministro Alexandre de Moraes avalia se impõe novas medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica, se decreta prisão preventiva ou se não adota qualquer outra medida.