Reivindicando melhorias salariais e de trabalho, professores da UEMG iniciam greve
Em João Monlevade, dos 68 professores 47 aderiram à greve. No Estado, mais de 92% da categoria aceitaram a paralisação
A partir desta quinta-feira (2), a Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) — incluindo o campus de João Monlevade — inicia um período de greve por tempo indeterminado. A decisão foi tomada após uma assembleia geral de docentes, realizada no dia 29 de abril, quando 92,2% dos 500 participantes deliberara pelo início da paralisação devido às dificuldades de negociação com o Governo de Minas Gerais.
Em João Monlevade, dos 68 professores, 47 aderiram à greve. Nove disseram não e dois estão avaliando o posicionamento que vão adotar. A adesão à greve não é obrigatória, permitindo aos docentes a liberdade de escolha sobre sua participação no movimento.
Apesar da maioria das aulas estarem suspensas UEMG Monlevade, várias atividades estão sendo planejadas pelo comitê de greve local. Nesta quinta e sexta-feira (3), os alunos participam de uma roda de conversa com os professores na unidade do bairro Santa Bárbara.
Ainda na sexta-feira, o Diretório Central dos Estudantes (DCE), que representa toda a UEMG, convocará uma assembleia online para definir de que forma o movimento estudantil apoiará a greve dos professores. Em várias unidades do centro acadêmico, os universitários optaram por uma greve estudantil.
Reivindicações
De acordo com os docentes da UEMG, a greve não é apenas uma reivindicação por melhores condições de trabalho, mas uma luta pela valorização da educação pública e por uma sociedade mais justa e igualitária. Algumas das lutas incluem a incorporação de gratificações e ajuda de custo aos salários e o aumento da carga horária docente de 20h para 40h semanais, “uma vez que os salários da jornada menor são absurdamente baixos”.
Outro problema é o regime restrito de dedicação exclusiva, hoje permitido apenas para cargos da alta chefia. “Sem remuneração digna, professores da UEMG precisam se desdobrar em dois ou três outros empregos, o que sobrecarrega a categoria e prejudica os pilares de ensino, pesquisa e extensão da universidade. Só para se ter uma ideia, o salário da UEMG é o segundo mais baixo entre todas as universidade públicas do Brasil”, afirma a categoria.
A ADUEMG, associação sindical que representa os professores da universidade, destaca os principais pontos da Campanha Salarial-Educacional de 2024:
- Autonomia universitária: o governo Zema não cumpre com o Art. 207 da Constituição Federal, que diz respeito à “autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial” das universidades;
- Orçamento: o orçamento da UEMG representa apenas 0,4% do Orçamento Geral de Minas Gerais, e no ano de 2023 o governo promoveu vários cortes que impactaram na diminuição e extinção de bolsas para docentes e estudantes;
- Acordo de greve: o governo não cumpriu com acordo de greve de 2016, que foi homologado em 2018;
- Recomposição salarial: os professores acumulam perdas salariais de 76% nos últimos dez anos, e os docentes das universidades estaduais mineiras possuem a segunda menor remuneração no País entre todas as universidades públicas;
- Concurso público: a maioria dos professores da UEMG é contratada através dos PSS, um tipo de vínculo precário. Há professores em regime de PSS que chegam a ministrar mais de sete disciplinas em cursos diferentes, e a quantidade de professores não é o suficiente para suprir a demanda de todos os cursos;
- Licença médica e licença maternidade: os professores não recebem seus salários na integralidade quando estão de licença médica e licença maternidade;
- Campanha contra o assédio na universidade: o Grupo de Trabalho de Políticas de Classe para as Questões Étnico-Raciais, de Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) do ANDES-SN irá participar com a divulgação da cartilha “Contra todas as formas de assédio, em defesa dos direitos das mulheres, das/os indígenas, das/os negras/os, e das/os LGBT”;
- Técnicos(as)-administrativos: os trabalhadores da UEMG, em sua maioria terceirizados, recebem péssimos salários e precisam de um plano de carreira digno;
- Assistência estudantil: os estudantes sofrem com políticas precárias de assistência estudantil, incluindo a falta de restaurantes universitários e moradias estudantis, além da falta de contemplação das bolsas;
- Lutas gerais: diz-se da participação da Frente Mineira em defesa dos Serviços Públicos; contra as privatizações; contra o Regime de Recuperação Fiscal (RRF); apoio à realização do Plebiscito Popular em defesa das Estatais Mineiras (Cemig, Copasa, Gasmig e Codemig), entre outras.