Debate em Minas Gerais busca equidade nos investimentos ferroviários
Autoridades discutem redistribuição de recursos das concessões para impulsionar infraestrutura logística do estado
Em uma reunião realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na última terça-feira (18), debateu-se a renovação de concessões ferroviárias sob o contexto do programa “Trens de Minas”. O foco principal foi a demanda por uma redistribuição mais equitativa dos recursos provenientes das concessões antecipadas, conforme a legislação vigente.
Representantes estaduais e federais discutiram a necessidade de que os recursos destinados às contrapartidas das concessionárias sejam alocados em uma conta específica para Minas Gerais, em vez de serem integrados ao caixa único do Tesouro Federal. A malha ferroviária do estado, que representa 16,3% da rede nacional, foi destacada como crucial para o escoamento de grãos e minérios, apesar de receber uma proporção consideravelmente menor dos investimentos estipulados.
Durante o debate, autoridades como o secretário de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias, Pedro Bruno de Souza, enfatizaram a importância de iniciativas como o Plano Estadual de Logística e Transporte (Pelt-MG) para otimizar a infraestrutura de transporte em Minas Gerais. A expectativa é que o plano contribua para a elaboração de uma carteira de projetos que beneficie economicamente o estado.
“É fundamental que a gente crie a conta Ferrovias Minas Gerais e que as outorgas, indenizações e multas de todas as concessões ferroviárias federais passem a compor essa conta. Porque aí, com os recursos assegurados e o Pelt, trazendo a carteira de projetos, conseguiremos avançar nessa agenda. Parabenizo a Assembleia Legislativa por essa discussão de hoje que vejo como um marco de mobilização dos mineiros em prol das ferrovias”, ressaltou.
O evento também contou com a presença de representantes do governo federal, que se comprometeram a revisar as condições das antecipações das concessões ferroviárias, visando uma distribuição mais justa dos recursos. A discussão segue em pauta, com a previsão de novas audiências públicas para as próximas semanas, incluindo uma programada em Minas Gerais.
De acordo com informações levantadas no debate, Minas tem somente 9% dos recursos acordados como contrapartida à antecipação por mais que tenha o maior trecho da malha da Estrada de Ferro Vitória a Minas, da Vale, e das ferrovias da MRS Logística. As duas concessões venceriam em 2026-2027 e foram renovadas antecipadamente para até meados de 2050. Somente da malha da MRS, 50% estão em Minas, mas é São Paulo o estado que vai receber a maior parte (81,5%), mesmo tendo somente 25% da malha.
Representantes do governo federal reiteraram a atuação da União para rever as condições das antecipações. Leonardo Ribeiro, titular da Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário do Ministério dos Transportes, contudo, avaliou que o poder público precisaria se inserir mais nesse processo, uma vez que as receitas dos projetos ferroviários muitas vezes não suportam os custos dos empreendimentos. “Daí a importância das parcerias público-privadas, como feito nos Estados Unidos, na Índia e na Europa”, argumentou.