Por que os Estados Unidos são ‘pedra no sapato’ do Brasil no futebol feminino olímpico?

Para o técnico Arthur Elias, ninguém precisa se preocupar com o histórico. ‘O presente tem vários ingredientes mais importantes. Estamos perto de um sonho que vamos lutar para conseguir’.

Por que os Estados Unidos são ‘pedra no sapato’ do Brasil no futebol feminino olímpico?
O Brasil está pronto para enfrentar desafio e superar de vez as americanas – Foto: Rafael Ribeiro/CBF

A seleção brasileira feminina de futebol disputa neste sábado, às 12h (de Brasília), no Estádio Parque dos Príncipes, em Paris, a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Depois de 16 anos, o Brasil reencontra os Estados Unidos em uma decisão olímpica. Nas outras finais, o País saiu derrotado de campo e teve de se contentar com a prata, mas as frustrações diante das norte-americanas começaram ainda antes.

O técnico Arthur Elias mostrou sua confiança nas atletas brasileiras após a classificação para a final, com a vitória sobre a atual campeã mundial, a Espanha. O comandante elogiou os Estados Unidos e descartou que o histórico negativo contra esse adversário influencie a seleção na Olimpíada de Paris.

“O pensamento é um só. Sempre olhei o futebol brasileiro com visão vencedora. Eu não tenho nada a ver com o que aconteceu no passado. Só a Marta esteve presente, e ela estar aqui mostra a importância que ela tem no futebol. Ninguém precisa ficar preocupado com esse histórico. Do outro lado, tem muita seriedade e trabalho. Tem grandes atletas do outro lado. Tomara que tenhamos muitas emoções. A gente tem de parar de falar do passado. O presente tem vários ingredientes mais importantes. Estamos perto de um sonho que vamos lutar para conseguir”, afirmou Arthur Elias.

O futebol feminino começou a ser disputado nas Olimpíadas apenas na edição de 1996, em Atlanta. Na ocasião, Brasil e Estados Unidos não se encontraram. As donas da casa ficaram com o ouro, enquanto as brasileiras perderam o bronze para a Noruega.

Em Sydney-2000, Brasil e Estados Unidos mediram forças na semifinal olímpica. Em Camberra, a seleção brasileira, que tinha como estrelas Pretinha, Sissi e Formiga, foi superada por 1 a 0, com gol marcado por Mia Hamm, aos 15 minutos do segundo tempo. As norte-americanas perderam a final para a Noruega, e o Brasil, novamente, não conseguiu o bronze ao enfrentar a Alemanha.

PRORROGAÇÃO, POLÊMICA E DERROTA EM ATENAS-2004

Nas duas Olimpíadas seguintes aconteceram as batalhas mais dolorosas para a seleção brasileira. Em Atenas-2004, Brasil e Estados Unidos se enfrentaram duas vezes. Na fase de grupos, derrota por 2 a 0, com gols de Hamm – que havia sido algoz em 2000 – e Mary Wambach. Mas a equipe de René Simões conseguiu uma reviravolta no torneio, despachou México e Suécia para chegar à final.

A casa do Olympiacos foi palco da disputa pelo ouro. O Brasil começou melhor, mas desperdiçou boas oportunidades. O time, que já contava com Marta e Cristiane, além de Formiga, Pretinha e Rosana, saiu atrás no marcador no fim do primeiro tempo, aos 39 minutos. Lindsay Tarpley acertou um chute de fora da área para colocar as norte-americanas em vantagem. Na etapa complementar, aos 28 minutos, Cristiane fez fila na defesa dos EUA, chutou, a goleira deu rebote e a bola sobrou para Pretinha, que só teve o trabalho de empurrar para a rede e levar o duelo para a prorrogação.

Os 30 minutos extras não definiram a campeã olímpica de maneira justa. Um pênalti escandaloso não foi marcado quando uma zagueira dos EUA defendeu com as mãos um cruzamento brasileiro na grande área. A trave ainda ajudou as norte-americanas duas vezes até que, aos sete minutos do segundo tempo na prorrogação, Abby Wambach, de cabeça, tirou o ouro do Brasil.

CAMPANHA PERFEITA EM PEQUIM-2008 É DERRUBADA PELOS EUA

Nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, o cenário parecia muito favorável à seleção brasileira. O time nacional fez uma ótima campanha na primeira fase, eliminou Noruega e Alemanha com muita superioridade na fase mata-mata e show de Marta, Cristiane e Formiga até chegar à decisão contra os Estados Unidos.

No ano anterior, também na China, foi realizada a Copa do Mundo Feminina, e o Brasil – que foi vice-campeão contra a Alemanha – havia atropelado os Estados Unidos na semifinal, ganhando por 4 a 0. Meses antes, a seleção brasileira faturou o ouro no Pan-Americano do Rio com outra goleada sobre as norte-americanas: 5 a 0. Dados esses elementos e o futebol invicto apresentado pelo Brasil nos Jogos de Pequim, havia confiança de que o destino pudesse ser diferente.

No entanto, na final, a seleção feminina foi castigada. Diante de mais de 50 mil pessoas, o placar permaneceu zerado por todo o tempo regulamentar. Os seis minutos da prorrogação, Carli Lloyd viu a marcação desarrumada do Brasil, arrematou de fora da área e deu o ouro para os Estados Unidos.

*Com Estadão Conteúdo