Saiba como o tempo seco afeta a saúde e veja dicas para aliviar sintomas

Essa situação é preocupante sobretudo entre pessoas que já convivem com doenças respiratórias, como asma, rinite ou bronquite

As previsões são de que, nos próximos dias, grande parte de Minas Gerais continue registrando baixa umidade do ar, com valores próximos ou até abaixo dos 30%. Esse valor é considerado “crítico”, aponta o pneumologista João Marcos Salge, do Grupo Fleury.

O médico explica que, ao chegar aos alvéolos pulmonares, a umidade do ar deve ser de 100%. Então, quando o tempo está muito seco, o ar que entra no corpo acaba ressecando todas as mucosas por onde passa — justamente para alcançar as condições adequadas. Ou seja, ele rouba a umidade do nariz, da boca, da garganta e até dos tecidos que revestem os brônquios no pulmão.

Essa situação é preocupante sobretudo entre pessoas que já convivem com doenças respiratórias, como asma, rinite ou bronquite. Tosse e sangramento nasal estão entre as possíveis repercussões para esses grupos. “É difícil falar em uma relação causal, isto é, que o tempo seco irá causar essas doenças, mas certamente é um gatilho para reações mais exacerbadas”, esclarece o especialista.

O ideal seria que a umidade do ar se mantivesse em cerca de 70%, segundo Otávio Piltcher, especialista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) e presidente da Academia Brasileira de Rinologia (ABR). “Quando a gente é submetido a um clima muito seco, a mucosa respiratória tem que conseguir funcionar plenamente. E nem todas as pessoas são capazes de fazer isso”, resume ele.

“Mesmo que não ocorra uma doença grave, o próprio desconforto de estar com tosse, a boca seca, a garganta ‘arranhando’ e o nariz sangrando já vale como alerta para tomar cuidados”, defende Salge.

Prevenção

Para evitar todos esses desconfortos, a dica mais importante é beber bastante água. Esse é o jeito mais fácil de as mucosas voltarem a ficar hidratadas após a transferência de umidade para o ar seco que entra no corpo.

Usar soro fisiológico também é uma ótima pedida. “A lavagem com o soro vai ajudar a umidificar a região nasal”, explica o otorrinolaringologista Paulo Mendes Junior, do Hospital Paranaense de Otorrinolaringologia (IPO). Ainda de acordo com o médico, fazer inalação com o líquido beneficia a garganta e o pulmão.

O umidificador é uma alternativa à inalação, mas deve ser usado com restrições. O médico lembra que manter o aparelho ligado o tempo todo em um ambiente pode umidificar demais paredes e estofados, por exemplo, facilitando o surgimento de mofo e ácaros.

Salge acrescenta ainda que quem coloca líquidos com fragrâncias no umidificador deve observar atentamente a fórmula dessas soluções, pois elas podem conter compostos alergênicos e piorar o desconforto.

Outra sugestão rápida e fácil, lembram os especialistas, é colocar um balde com água ou uma toalha molhada no quarto, deixando-a evaporar pelo ambiente.

* Com Estadão Conteúdo.