A despedida de um ídolo histórico
O futebol nunca movimentou tanto dinheiro. A pressão vem por todos os lados, incluindo dirigentes, torcida, patrocinadores, entidades e outros
Na última quinta-feira (9), um grande talento se despediu do Flamengo. Por meio de um texto bastante emocionado, Enrico Moreira agradeceu ao clube e à torcida pelos belíssimos momentos vividos juntos. Nas respostas, mensagens de gratidão dos seus quase 300 mil seguidores no Instagram.
Talvez você esteja se perguntando, neste momento, quem é Enrico Moreira, mas não se culpe por isso. Não se trata de um jogador campeão Brasileiro ou da Libertadores pelo clube, um dos mais vitoriosos do futebol brasileiro nos últimos anos. Acredite se quiser, estamos falando sobre uma criança de 6 anos. Isso mesmo, 6 anos.
A despedida do pequeno atleta — disputado por Corinthians e Palmeiras como se fosse um grande astro — e sua repercussão mais parece a de um jogador profissional, dono de rica trajetória no esporte bretão. Uma situação grotesca, mais parecida a um filme distópico, que nos deixa vários alertas. Entre eles, a forma como tratamos nossas jovens revelações.
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O futebol nunca movimentou tanto dinheiro. A pressão vem por todos os lados, incluindo dirigentes, torcida, patrocinadores, entidades e outros. Como reagirá a esse ambiente de tanta cobrança um moleque de 6 anos? Em um meio tão dinâmico e imprevisível, o que será dele caso toda essa expectativa não se corresponda? Simplesmente o cuspiremos de volta ao seu lugar de origem?
Mas também é possível pensar nas melhores hipóteses. Entre elas, a de Enrico, de fato, se tornar um grande craque. Com que nível de inteligência e maturidade ele se portará em um meio no qual todos os seus colegas o enxergarão apenas como mais um?
Sendo bajulado, idolatrado e badalado desde os seus primeiros anos de vida, ele terá humildade suficiente para receber dicas e cobranças de quem estará ao seu lado? Difícil saber.
Mas esse texto não é apenas sobre Enrico. É sobre, como muito bem cunhou o jornalista Vitor Birner, o “futebol do dinheiro extremo” e todos os seus efeitos devastadores. Inclusive ao ceifar a infância de quem está na fase de conhecer, não de se despedir.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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