Vereadores pedem atendimento neurocirúrgico em Itabira e fazem cobranças ao Governo de MG

Parlamentares se posicionaram para que a Prefeitura de Itabira siga com tratativas para o município habilitar o atendimento neurológico de alta complexidade

Vereadores pedem atendimento neurocirúrgico em Itabira e fazem cobranças ao Governo de MG
Foto: Guilherme Guerra/DeFato

O caso de Herycson Ferreira dos Santos, de 32 anos, se tornou tema de debate na Câmara Municipal de Itabira na reunião ordinária desta terça-feira (27). Mesmo diagnosticado com um aneurisma e amparado por uma decisão judicial, o itabirano teve de aguardar nove dias para ser transferido a uma unidade de saúde – fato que só ocorreu hoje (28), data que marcava o esgotamento do prazo determinado pela Justiça. A situação do rapaz (e outros três casos recentes) levou a manifestação dos parlamentares, que em suas falas, afirmaram que o município possui necessidades no atendimento neurocirúrgico de alta complexidade.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, Itabira não dispõe do serviço de neurocirurgia, neurointensiva e centro de reabilitação neurológico ou neurocirúrgico. Dessa forma, nos casos de alta complexidade na neurologia se faz necessário a transferência para centros especializados em Belo Horizonte ou em outras cidades. No entanto, a baixa oferta de leitos e alta demanda por serviços, acabam gerando filas de esperas para itabiranos e moradores da região que necessitam de atendimento. 

A situação recorrente fez com que pelo menos dois vereadores – Rodrigo de Assis “Diguerê” (MDB e Marcos Antônio Ferreira da Silva “da Saúde” (Solidariedade) – se posicionassem para que a gestão municipal siga em tratativas com o Governo de Minas Gerais e a União para que o município consiga habilitar o atendimento neurológico de alta complexidade.

“Nós sabemos que é um serviço extremamente caro, é difícil encontrar profissionais que queiram vir para o interior. Mas nós estamos vendo com essa dificuldade, que é um assunto que precisa ser pensado com mais fidelidade”, iniciou Rodrigo Diguerê”, lembrando que em uma semana foram quatro casos de transferências solicitadas por pacientes de Itabira e região. “Nós precisamos discutir isso”.

“Se [o município] quer ser polo em diversificação econômica, a saúde também é um caminho. E por mais que seja um serviço muito caro, nós precisamos colocar isso nas prioridades para que os nossos munícipes tenham esse atendimento aqui também, no futuro breve”, finalizou.

Em sua vez, Marquinhos da Saúde (Solidariedade) reforçou que apesar do alto custo e da necessidade de apoio do Governo de Minas e da União, o município precisa fazer a sua parte. “O que eu acho, e que a gente tem que começar a desenhar em Itabira, é esse tipo de serviço de alta complexidade, que a gente sabe que tem um custo elevado, mas temos que buscar os convênios com Estado e União. Começar a movimentar e a montar esse serviço para a gente realmente acabar com essa angústia das famílias itabiranas”, disse. 

“Itabira é microrregional e está se tornando macrorregional com a chegada da oncologia. Esse é mais um motivo para a gente pensar nesse serviço [ampliação dos atendimentos de alta complexidade]”, complementou o vereador.

Foto: Guilherme Guerra/DeFato

Parlamentares também falam em responsabilidade do governo estadual 

Outros parlamentares também se manifestaram no plenário, dando apoio à família do itabirano Heryson dos Santos e atribuindo a responsabilidade ao governo de Minas Gerais. “Ele [Herycson dos Santos] precisa de um neurocirurgião e não há vaga. Pasmem, mesmo com uma ordem judicial, o Estado ainda não disponibilizou uma vaga pra ele. A gente fica cada vez mais descrente com essa gestão da saúde estadual, que a pessoa necessita – e logicamente sai da abrangência do município – e a família tem que ficar implorando por saúde”, disse o vereador Bernardo Rosa (PSB).

Foto: Guilherme Guerra/DeFato

Já vereador Carlos Henrique de Oliveira (PDT) – que vinha sendo muito mencionado nas redes sociais para que pudesse se atentar à questão – também se manifestou. Em sua fala no plenário, Carlos Henrique respondeu:

“Muitas vezes [as pessoas] nos marcam, pedem para poder ajudar, mas não está nas nossas mãos. O que nós fazemos é o contato com os deputados que temos apreço e pedimos ajuda para que possa ser resolvido. A prefeitura também tem feito sua parte, principalmente no atendimento dentro da cidade, dando todo o suporte. Mas, infelizmente, o Estado, mais uma vez, deixa a desejar, principalmente na saúde”.

Foto: Guilherme Guerra/DeFato

Relembre o caso Herycson

Herycson foi internado no dia 19 de maio na unidade de urgência e emergência do Pronto-Socorro Municipal de Itabira, onde foi diagnosticado com um aneurisma cerebral. Devido a gravidade do seu caso, foi necessário uma neurocirurgia, serviço que não é oferecido em Itabira. Desde então, o itabirano seguia aguardando transferência para um centro médico que pudesse realizar o procedimento.

Devido a demora em conseguir uma vaga em unidade hospitalar especializada, a família de Herycson dos Santos moveu uma ação judicial para garantir a assistência médica necessária. Em uma decisão assinada pelo juiz Guilherme Esch de Rueda, na última sexta-feira (23), o Estado de Minas Gerais e o Município de Itabira foram responsabilizados, solidariamente, pela remoção do paciente para uma unidade de referência com capacidade técnica para realizar o procedimento — com prazo até esta quarta-feira (28) para uma solução, mesmo dia em que se confirmou a transferência para o Hospital São Judas Tadeu, em Oliveira.

O Hospital São Judas Tadeu, para onde o Herycson está sendo transferido, é uma referência na microrregião de saúde de Oliveira, sobretudo na área de neurocirurgia.

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