Anotações em agenda apreendida pela PF citam “Fábio (filho Lula)”
Em uma agenda, uma anotação contém a referência “Fábio (filho Lula)” acompanhado de informações sobre credenciais para o acesso a um camarote para um show em Brasília
Um dos documentos apreendidos pela Polícia Federal na 1ª fase da operação Sem Desconto, feita em abril, tem uma indicação direta ao nome de Fábio Luiz Lula da Silva (filho mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva-PT).
Em uma agenda, uma anotação contém a referência “Fábio (filho Lula)” acompanhado de informações sobre credenciais para o acesso a um camarote para um show em Brasília.
Na quinta-feira (18), a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que autorizou a nova fase da operação Sem Desconto, menciona um diálogo entre Antonio Carlos Camilo Antunes (o Careca do INSS), e Roberta Luchsinger, empresária e lobista, em 29 de abril de 2025, 6 dias depois de revelado o esquema do INSS que levou à demissão do então presidente da instituição, Alessandro Stefanutto, atualmente preso. Lulinha (Fábio) é amigo de Roberta.
Na conversa com o Careca, Roberta demonstra preocupação com a apreensão de um envelope. “É só para você saber, acharam um envelope com o nome do nosso amigo no dia da busca e apreensão”. Careca do INSS responde “Putz”.
A petição do STF não contém explicações sobre que envelope seria esse. Não há especificações de qual seria esse evento e data, somente a anotação de credenciais do camarote de número 309, além de um flat no condomínio Brisas do Lago, em Brasília.
Em seguida aparece a anotação: “Mínimas informações possíveis. CPF- Fábio (filho Lula) Terça a quinta-feira. 03 a 05/12.Contato Paulo Marinheiro-ok Gaspar passa contato – ok Cristina- ok’. Os três nomes citados têm a indicação: “Pegar com Antonio”.
Em mensagens do WhatsApp, Roberta sugere ao Careca do INSS a “sumir” com seus telefones. “Joga fora”. Careca responde: “Já fiz isso. Conte com a gente”.
A Polícia Federal aponta Roberta como principal elo entre o Careca do INSS e Lulinha e com elevados envolvimentos nos negócios ilícitos de Antonio Carlos Camilo Antunes, com uso de empresas de fachada e tentativa de ocultação de provas.
Ambos passaram a discutir formas de criar esquemas para esquentar o dinheiro que as investigações indicam ter sido obtido com fraudes contra aposentados e pensionistas.
Segundo o que foi informado pela PF à CPMI do INSS, em andamento no Congresso, as suspeitas indicam uma relação societária entre ambos, com frequências de visitas a órgãos públicos, citando projetos que seriam implementados pelo governo federal que demonstravam tráfico de influência, conduta descrita no artigo 332 do Código Penal.
Nas conversas entre Roberta e o Careca do INSS, é comum haver menções ao nome do Lulinha, o que pode resultar em investigação sobre a relação entre eles, além de passagens realizadas em conjunto com o filho do presidente.
A Polícia Federal acredita que essa era uma prática recorrente nas atividades empresariais do Careca do INSS, emitindo notas fiscais sem identificar o serviço prestado ou recebido. Relatórios do Coaf indicam que Roberta recebeu cerda de R$ 1,5 milhão do Careca do INSS em 5 parcelas de R$ 300 mil.
O advogado de Roberta afirma que a empresária “possui relação pessoal com Fábio Luís e sua família há vários anos, razão de terem feito viagens de passeio várias vezes juntos”.
O Poder360 conversou com o ex-advogado e amigo de Lulinha, Marco Aurélio de Carvalho, que afirmou que Lulinha ainda não contratou e não pretende contratar defesa porque não é alvo de investigação, e credita os indícios apontados pela PF, por enquanto, como fofocas, vilanias e tentativas de mais uma vez envolver o filho do presidente em escândalos para provocar desgaste para a família e para o governo.
Na quinta-feira (18), questionado por jornalistas sobre as referências ao seu filho nas investigações da PF, Lula disse: “Ninguém ficará livre das apurações. Se meu filho estiver metido nisso, ele será investigado. Se tiver o Haddad, ele vai ser investigado. O Rui Costa, com essa seriedade, vai ser investigado”.