Brasileiro paga em média R$ 2,2 mil ao ano para bancar SUS e plano de saúde
Os impostos que saem do bolso de cada brasileiro para financiar a saúde pública devem somar, este ano, uma receita próxima a R$ 135 bilhões, valor que é considerado aquém das necessidades do sistema, mas que para os usuários representará, em média, mais de R$ 700. O investimento das famílias não para por aí. Além […]
Nos países ricos, o governo é responsável por 70% dessa fatura, ficando 30% para as famílias. Os securitários Fabiano da Silva e Lúcia Jardim gastam, em média, R$ 500 por mês com a saúde privada da família. Há mais de 10 anos pagam pelo convênio médico, mas neste período nunca usaram o SUS. Não imaginam qual valor corresponde à contribuição da família para a rede pública. "A saúde é muito cara. Se não tivéssemos esse custo por mês, poderíamos investir em educação ou lazer", comenta Lúcia.
No mês passado, a família do empresário Eduardo Linhares desembolsou mais de R$ 650 para pagar o plano de saúde cujas mensalidades variam conforme o uso. "A saúde privada no país é caríssima e deixa a desejar", desabafa. Eduardo não tem ideia de quanto os impostos representam no financiamento da saúde pública. "Na saúde pública não vemos o retorno dos impostos. A saúde privada é melhor, mas ainda deixa a desejar."
A carga tributária do país movimenta cerca de 38% do Produto Interno Bruto (PIB). A saúde pública participa com 3,7% e o sistema privado com aproximadamente 2,5% do PIB. "O sistema público brasileiro gasta pouco e mal em saúde. O sistema privado investe mais, mas também gasta muito mal", diz Januário Montone, ex-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e atual secretário de Saúde da cidade de São Paulo. Segundo ele, que esteve em Belo Horizonte na última sexta-feira, o sistema público tem gerenciamento precário, enquanto a saúde suplementar se baseia em um modelo errado de tratar a doença e não investir na prevenção. Montone defende a reformulação dos sistemas na base da parceria, mas não acredita que seja possível custo menor com o setor. "É preciso gastar melhor."