Foi realizado nesse domingo (30), no campus Pampulha, o primeiro processo seletivo do curso de licenciatura em Letras-Libras da UFMG, organizado pela Copeve (Comissão Permanente do Vestibular). Ao todo, 114 candidatos concorrem a 30 vagas, sendo 25 delas exclusivas para candidatos surdos. As informações são da UFMG.
O exame consistiu em provas de conhecimentos gerais, língua portuguesa e sobre língua de sinais e surdez. O gabarito preliminar será disponibilizado na página da Copeve nesta segunda (1). O resultado final será divulgado no dia 12 de julho, e os candidatos aprovados iniciam os estudos no segundo semestre.
Candidatos e vagas
Os candidatos do primeiro vestibular do curso de licenciatura em Letras-Libras começaram a chegar aos locais de provas, no CAD 01 (Centro de Atividades Didáticas), do campus Pampulha, no fim da manhã. Às 12h30, os portões foram fechados, e as provas tiveram início às 14h (horário de Brasília).
Dos 114 candidatos inscritos, 53 são surdos e concorrem a 25 vagas. As outras cinco vagas são disputadas por 61 candidatos ouvintes. Os estudantes fizeram duas provas. A primeira abordou conhecimentos das disciplinas escolares (geografia, história, matemática, física, química e biologia) e conhecimentos gerais sobre língua de sinais e surdez, com as questões gravadas em vídeo na linguagem de sinais. O segundo exame tinha como objetivo avaliar a compreensão da língua portuguesa, sendo disponibilizada em duas versões: uma para os candidatos surdos, que têm o português como segunda língua, e outra para os candidatos ouvintes.
“Modelo para outros alunos”
A estudante Jéssica de Jesus da Silva contou que aquela era uma experiência muito nova e que, assim como as colegas, estava ansiosa e esperava se sair bem na prova para qual se preparou. Já o estudante Milton de Souza, que esperou seis anos para uma chance como essa, destacou que a oportunidade de formação que a Universidade oferece pode ampliar o seu conhecimento e fortalecê-lo profissionalmente. “Entendo que posso ser um modelo para outros alunos”, disse o estudante.
O professor Dario Windmoller, diretor da Copeve, disse que a oferta do novo curso marca novos desafios para a UFMG, uma vez que não se trata de um processo seletivo convencional e exigiu que os envolvidos na organização desenvolvessem uma preparação especial para atender aos candidatos surdos.
Três eixos
A professora Giselli Silva, coordenadora do curso que será ofertado a partir do segundo semestre na Faculdade de Letras da UFMG, explicou que ele é voltado para a formação de professores da língua de sinais brasileira, organizado em três eixos: conhecimento da área de linguística da língua de sinais, literaturas, especialmente surda, e formação pedagógica. “Estamos implantando o curso de uma língua minoritária que vai passar a ser ensinada e dará oportunidades para que a comunidade surda tenha acesso ao ensino superior, possa se formar como professores de línguas e atuar na difusão dessa língua na sociedade”, destacou Giselli.
A criação do curso foi aprovada em novembro de 2018 pelo Conselho Universitário da UFMG.