Chuvas intensas causam impacto em Minas Gerais nas últimas semanas

Acúmulo elevado, alertas sucessivos e ocorrências graves marcam o início do período chuvoso em diferentes regiões do estado

Chuvas intensas causam impacto em Minas Gerais nas últimas semanas
Foto: Reprodução/Freepik

As últimas semanas foram marcadas por volumes elevados de chuva em Minas Gerais, com reflexos diretos na rotina de cidades da capital ao interior. Alertas sucessivos emitidos por órgãos meteorológicos e de defesa civil indicam um cenário de pressão sobre áreas urbanas, rodovias e regiões de encosta, além de um aumento no número de ocorrências associadas a alagamentos, deslizamentos e danos a imóveis.

No início desta semana, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) manteve o estado sob alerta de “perigo” para chuvas intensas, abrangendo 802 municípios. Os avisos apontaram possibilidade de acumulados entre 30 e 60 milímetros por hora, podendo chegar a 100 milímetros ao longo do dia, além de rajadas de vento que variaram entre 60 e 100 km/h. O risco associado inclui quedas de árvores, interrupções no fornecimento de energia e enxurradas em áreas já conhecidas por histórico de inundações.

Em Belo Horizonte, os números ilustram a intensidade do período. A regional Centro-Sul acumulou 282,2 milímetros de chuva apenas em dezembro, o equivalente a 83,5% do volume esperado para todo o mês, segundo a Defesa Civil municipal. A média climatológica de dezembro na capital é de 339,1 milímetros. Situações semelhantes foram registradas em municípios da Região Metropolitana, como Sabará e Betim, onde temporais provocaram alagamentos e desmoronamentos.

Na BR-381, em Sabará, um trecho próximo ao Posto Beija-Flor ficou completamente alagado na noite de 15 de dezembro, causando lentidão e exigindo desvios. A rodovia já havia sido interditada no início do mês por situação semelhante, reforçando a recorrência do problema durante períodos de chuva intensa.

Os impactos também atingiram diretamente famílias. Em Betim, uma moradora teve a casa interditada após o desabamento de um muro vizinho, que arrastou lama e entulho para dentro do imóvel. Sem condições de retorno, ela e o companheiro precisaram se abrigar em casas de parentes após perderem a maior parte dos bens.

Na Região Metropolitana, um caso mais grave foi registrado em Sabará, onde uma criança de cinco anos morreu após ser soterrada em um deslizamento ocorrido durante a chuva. O menino estava internado no Hospital João XXIII desde o resgate, mas não resistiu. O óbito é apontado como a primeira morte relacionada ao período chuvoso 2025–2026 em Minas.

Dados da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil mostram que o período chuvoso anterior, entre outubro de 2024 e março de 2025, foi o mais intenso da última década em termos de volume acumulado. Nesse intervalo, foram registradas 27 mortes no estado, frente a seis no período 2023–2024. Também houve aumento no número de municípios que decretaram situação de emergência ou calamidade: 171, contra 102 no ciclo anterior.

Diante do cenário, a Defesa Civil estadual informou que mantém monitoramento contínuo das condições meteorológicas e atuação permanente no apoio aos municípios. Entre as medidas adotadas nos últimos anos estão a ampliação da estrutura local de resposta, a distribuição de ajuda humanitária e a execução de obras de contenção em áreas críticas, especialmente na Região Metropolitana de Belo Horizonte. No último período chuvoso completo, mais de 22 mil itens foram distribuídos a famílias atingidas, incluindo cestas básicas, colchões e kits de higiene.

Especialistas e órgãos de proteção reforçam que, em dias de chuva intensa, a população deve evitar áreas alagadas, não atravessar enxurradas e observar sinais de risco em encostas, como trincas, estalos e movimentação do solo. O acompanhamento de alertas oficiais e a adoção de medidas preventivas seguem como as principais ferramentas para reduzir danos em um período que, historicamente, concentra os maiores desafios climáticos em Minas Gerais.