Cimento, aço e materiais elétricos têm alta histórica nos preços e ameaçam obras públicas

Pandemia de Covid-19 eleva preço dos insumos para construção civil. Fios de cobre tiveram 91,26% de aumento; o aço. 75%; o cimento, 50,79%: e os materiais elétricos, 83%

Cimento, aço e materiais elétricos têm alta histórica nos preços e ameaçam obras públicas
Foto: Reprodução/Internet
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Dados apresentados pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG) apontam aumento de 26,34% nos insumos da construção civil entre fevereiro de 2020 e o mesmo mês em 2021. Essa alta foi puxada por itens como aço e cimento, além de outros insumos. Essa crescente tem preocupado o setor e já ameaça a execução de obras.

Segundo o Sinduscom-MG, os fios de cobre tiveram 91,26% de aumento. Já o preço do aço subiu 75% e o de cimento, 50,79%. Os materiais elétricos também passaram por grandes reajustes, com alta de 83%. Se não bastasse a alta nos preços, a construção civil também precisa lidar com problemas de abastecimento. Aço, cabos elétricos, louças, metais, esquadrias de alumínio e tubos de PVC são os que lideram o ranking em termos de maior prazo de entrega.

O cimento, por exemplo, que era entregue em até 48h, hoje demora cerca de 30 dias. Já o aço e materiais elétricos agora levam entre 60 e 90 dias para serem recebidos. “Dependendo do produto, pode demandar ainda mais, chegando a 150 dias”, explica Geraldo Linhares, presidente do Sinduscon-MG.

A preocupação com o aumento nos insumos da construção civil é compartilhada pelo presidente do Sindicato das Indústria de Construção Pesada do Estado de Minas Gerais (Sicepot-MG), João Jacques Viana Vaz, que vê o setor ameaçado, principalmente em relação às obras públicas.

Em entrevista ao jornal Diário do Comércio, em junho, afirmou que muitas empresas têm convivido com o desequilíbrio entre a alta nos preços dos insumos e os preços que foram acordados nos contratos de licitação. Segundo ele, apesar desses aumentos, o contrato das obras públicas em Minas Gerais não passaram por reequilíbrio financeiro, como está previsto pela lei 8.666/93, que rege os processos licitatórios.

“Muitas empresas não têm mais condições de concluir as obras. Esses reajustes vão minando o setor financeiro das empresas, que estão tendo prejuízos muito altos”, afirmou João Vaz.

Custo da construção civil segue em alta

Em maio, o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fechou em alta de 1,78%.

Além disso, nesse mesmo mês, o IBGE aponta que o custo nacional da construção por metro quadrado passou de R$ 1.363,41 para R$ 1.387,73. Desse valor, R$ 810,08 são referentes aos materiais de construção e R$ 577,65 relativos à mão de obra.

Dessa forma, os insumos da construção civil, em maio, ficaram 2,66% mais caro. Já a mão de obra aumentou 0,58%.

Já no acumulado de 12 meses, o indicador sobe para 18,18%.

Preocupação nacional

Em fevereiro, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) demonstrou preocupação de que o aumento dos preços de insumos da construção civil e as ameaças de desabastecimento causados pela pandemia de Covid-19  pudessem prejudicar o setor. Em uma matéria veiculada pela Agência Brasil, José Carlos Martins, presidente da instituição, afirmou que “o aumento no preço de insumos gera insegurança, em especial para as vendas já contratadas”.

Martins disse que “estaria tudo tranquilo”, não fosse o aumento no preço de insumos associado à falta de abastecimento de muitos dos materiais, algo que considera “extremamente preocupante”. “As obras contratadas em 2020 usavam previsões que tinham por base outros valores. Dessa forma, aquilo que seria um resultado [positivo] da empresa torna-se prejuízo. Isso dá medo às empresas na hora de fazer levantamentos”, acrescentou.

Na última terça-feira (22), a CBIC e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Construção e do Mobiliário (Contricom), reunidos virtualmente, discutiram ações comuns em defesa do emprego e das empresas do setor da construção civil. No evento, José Carlos Martins falou sobre a crise que atinge o setor, apontando duas causas fundamentais: os cortes orçamentários e a alta nos preços dos materiais da construção, como os do aço.

“Existem insumos cujos preços chegaram a aumentar 30%”, afirmou Martins, destacando que só há previsão de orçamento para as obras em andamento até agosto deste ano, fazendo com que muitas construções não tenham previsão de conclusão.

* Com informações da Agência Brasil, Câmara Brasileira da Indústria da Construção e Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais