Com relação desgastada, vereadores voltam a pedir respeito do governo de Marco Antônio Lage

Ambiente político de Itabira vivencia impasse com crise de relacionamento entre poderes Legislativo e Executivo. O presidente, a vice e o líder do governo na Câmara pontuam a necessidade de alinhamento entre o plenário e a equipe do gestor municipal.

Com relação desgastada, vereadores voltam a pedir respeito do governo de Marco Antônio Lage
Vetão: “Eu vejo que há, realmente, a necessidade do governo em melhorar o contato com os vereadores”. Foto: Wesley Rodrigues/DeFato

Conflitos de comunicação agravaram o relacionamento entre os poderes Legislativo e Executivo de Itabira. Nas avaliações de Weverton “Vetão” (PSB), presidente da Câmara de Vereadores, e de Rosilene Félix (MDB), vice-presidente da Casa, o governo de Marco Antônio Lage (PSB) ainda não afinou a forma de se relacionar com o parlamento, crucial para avançar nas políticas de desenvolvimento da cidade.

Durante esta semana, episódios endossaram o discurso de inabilidade para dialogar do governo municipal. A Câmara reprovou na terça-feira, 8, um financiamento de R$ 70,1 milhões para obras públicas. A rejeição veio de dez dos 17 vereadores. Já nesta quinta-feira, 10, Tãozinho Leite (Patriota) e Reinaldo Lacerda (PSDB) pediram desligamento do bloco parlamentar a que pertencem, dissolvendo a composição das comissões permanentes e travando a tramitação de pautas.

A DeFato, Vetão ressaltou seu posicionamento de independência com o colega de partido e prefeito de Itabira. “Eu vejo que há, realmente, a necessidade do governo em melhorar o contato com os vereadores. (…) uma necessidade de se discutir melhor, de entender a importância da Câmara. As minhas tratativas com o prefeito estão sendo harmoniosas. Só que como presidente da Câmara eu tenho que respeitar os meus pares, entender que o voto de cada um é legítimo”, afirmou o presidente, que se absteve do voto no pedido de empréstimo enviado pela Prefeitura.

Críticas contra os vereadores contrários ao projeto de lei, que circularam em redes sociais após a rejeição da proposta, além de declarações do governo sobre o tema causaram constrangimento no Legislativo. Questionado sobre a postura do Executivo municipal, Vetão sublinhou a importância do respeito entre os poderes. “Desde sempre existe o posicionamento do vereador Vetão, que é parceiro do prefeito, e o posicionamento do presidente da Câmara – a presidência requer, realmente, uma harmonia com o Poder Executivo; independência. Então, tem que respeitar os colegas vereadores. Continua a minha parceria com o governo. Agora, como presidente de Câmara, [o Executivo] tem que respeitar a decisão de cada vereador, de votar contrário”.

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Vereadores conversam durante os bastidores da reunião desta quinta. Foto: Wesley Rodrigues/DeFato

Relação estremecida

Para Rosilene Félix, a Câmara de Vereadores, desde o início da atual gestão, investiu em uma perspectiva de confiança no governo de Marco Antônio Lage e manteve cautela na discussão de projetos, mantendo o bom-tom com o Executivo. “Eu acredito que as questões tomadas aqui na Câmara, em primeiro lugar, devem ser respeitadas. Da mesma forma que nós aprovamos vários projetos do prefeito – aprovamos, inclusive, um projeto contra a própria Câmara: o do orçamento impositivo – essa reprovação [do empréstimo] neste momento se dá por entender que ele está mal planejado. Essa reprovação por si só não deveria servir de parâmetro para estremecer uma relação com o Legislativo”, lamentou.

A emedebista foi contrária ao pedido de empréstimo. Ao avaliar as reações da equipe de governo à rejeição do projeto de lei, Rose cobrou maturidade. “Esperamos que haja maturidade para entender que os poderes são independentes; para respeitar, principalmente, essa independência da Câmara”, reiterou.

O líder do MDB na Câmara, Neidson Freitas tem protagonizado discursos de oposição à atual gestão municipal. Ao ser perguntada sobre seguir o correligionário, Rose enfatizou que manterá sua independência. “O meu compromisso sempre foi com a população, sempre foi com o povo de Itabira. Eu não tenho nenhum acordo pessoal, seja com o Neidson, seja com o prefeito. Então, a minha relação é boa com os dois”, disse. Sobre o tom que adotará à frente, a vice-presidente reforçou que o bom relacionamento “depende das duas partes”.

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O líder do governo, Júber Madeira, fala sobre estabelecer “acordos sólidos” entre os poderes. Foto: Wesley Rodrigues/DeFato

Ruídos

O líder do governo na Câmara, Júber Madeira (PSDB) reconheceu o que chamou de “ruídos” entre os poderes e disse que tudo será colocado sobre a mesa com o gabinete. “Nós estamos trabalhando nesse sentido, vamos ao Executivo, até o governo, para levar os anseios dos vereadores. (…) precisamos estabelecer acordos sólidos para que a gente não prejudique a população de Itabira. Itabira não pode ser prejudicada mediante as nossas tratativas políticas. Pelo contrário, precisamos criar um consenso, um entendimento de que todas as ações que saem do parlamento são importantes para Itabira”.