E o Dólar? O Dólar caiu. E a Bolsa? A Bolsa subiu…
Gosta de economia? Pois não deixe de ler o novo texto da colunista Rita Mundim!
Desde o dia 16 de março, as respostas para essas perguntas se repetem e o mercado financeiro precifica o Brasil como um porto seguro em tempos de retomada de pandemia e guerra Rússia x Ucrânia. O índice DXY, que mede o comportamento do dólar em relação às principais moedas do mundo, até ontem (24) subia 3,26% no ano. Na outra ponta, o dólar apresentava uma desvalorização de 13,34% em relação ao Real.
No acumulado do ano, o Dow Jones, principal indicador de performance das 30 maiores empresas americanas, por valor de mercado, acumula uma queda de -4,5%, o SP500 que avalia o desempenho das 500 maiores empresas perde -5,16% e o Nasdaq100 cai -9,29%. Na Europa, o índice FTSE da Bolsa de Londres sobe +1,12%, o PCAC da Bolsa de Paris cai -8,35% e o DAX da bolsa de Frankfurt -10,35%. Aqui no Brasil, o Ibovespa, principal indicador de desempenho da B3, no mesmo período, sobe 13,58%.
E por que eu estou falando tudo isto? Porque finalmente o mercado descobriu que o Brasil estava descontado. Quem me acompanha aqui não está surpreso com a performance do mercado financeiro brasileiro, porque nas nossas colunas do ano passado chamamos a atenção para os ruídos políticos que turvavam a visão dos investidores globais e domésticos em uma sequência de fatos políticos (antecipação da campanha eleitoral presidencial com a recuperação dos direitos políticos de LULA, CPI da COVID, PEC dos PRECATÓRIOS, adiamento da votação das reformas tributária e administrativa) que impediram uma visão mais clara das entregas da economia (recorde de arrecadação da Receita Federal, recorde na Balança Comercial, geração de quase 3 milhões de empregos formais, superávit consolidado das contas públicas, bom desempenho das empresas estatais, leilões de concessões, marcos do saneamento, do gás, das startups, PL do Câmbio).
Desde a divulgação do PIB do quarto trimestre, que cresceu 0,5% e veio acima das expectativas, e, do PIB fechado de 2021 que apontou um crescimento de 4,6%, o mercado começou a perceber que havia errado a mão no pessimismo. O Banco Central independente vem subindo os juros desde março de 2021,e, apesar da intensificação do processo inflacionário com uma nova rodada de alta de commodities, em especial, alimentos (trigo, milho e soja) e energia (petróleo) acredita que pode estar próximo do fim do ciclo de altas da SELIC para trazer a inflação para o centro da meta em 2023.
De acordo com o Relatório Trimestral de Inflação divulgado ontem devemos ter mais uma alta de um ponto percentual na reunião de maio e a SELIC pode terminar o ano em 12,75%a.a., e o Brasil deve crescer 1% nesse ano. O Ministério da Economia é ainda mais otimista e projeta um crescimento de 1,5%, o mercado trabalha com 0.4%.
Resumo da ópera: a safra de grãos deve bater novo recorde, somos produtores e exportadores de petróleo e minério, a alta de commodities aumenta o volume de dólares em direção ao Brasil. Enquanto os principais Bancos Centrais do mundo começam a subir os juros, o Banco Central brasileiro está próximo da taxa final de ajuste (provavelmente 12,75%a.a.) o que vai aliviar os setores mais dependentes de crédito como o comércio e a construção civil.
A crise econômica na Rússia, provocada por sanções e boicotes, que deve levar o País a uma recessão de 15% em 2022, já provocou o fechamento e o desinvestimento de inúmeras multinacionais do Ocidente naquele País e ampliou ainda mais o volume de investimento estrangeiro para o Brasil.
Já dizia o ditado: quem planta, colhe. Finalmente, o investidor global começa a enxergar a recuperação da economia brasileira que aconteceu durante todo o ano de 2021. Essa recuperação aconteceu com a mudança estrutural de modelo, com o protagonismo do investimento privado na condução do crescimento econômico e com a boa gestão das contas públicas, apesar da pandemia.
O mundo está comprando o Brasil.
Rita Mundim é economista, mestre em Administração e especialista em Mercado de Capitais e em Ciências Contábeis
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