Empresários temem que paralisação da Vale prejudique ainda mais o comércio
A suspensão das atividades da mineradora provoca incertezas e aumenta o medo do desemprego em massa em Itabira
As incertezas que rodeiam o comércio de Itabira durante a pandemia do novo coronavírus ganharam mais uma agravante. Empresários itabiranos temem que a paralisação da mineradora Vale, que teve as atividades suspensas desde o dia 5 desde mês, prejudique ainda mais a economia local.
A interdição das operações da Vale em Itabira foi determinada no dia 27 de maio, por auditores fiscais da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Minas Gerais (SRTE/MG), órgão ligado ao Ministério da Economia. O motivo alegado foi a quantidade de casos positivos de Covid-19 entre trabalhadores da empresa. A mineradora conseguiu na 2ª Vara do Trabalho, em Itabira, uma liminar que manteve as atividades em funcionamento. Na última sexta-feira (5), no entanto, o Ministério Publico do Trabalho conseguiu derrubar a liminar
Para os empresários, a mineradora está cumprindo o seu papel social ao realizar a testagem em massa dos funcionários e colaboradores. Sendo assim, aqueles que testarem positivo são ser encaminhados para o isolamento domiciliar a fim de evitar a disseminação do vírus. A preocupação dos empresários é com os impactos da paralisação no comércio, uma vez que desde o início da pandemia, uma queda brusca nas vendas tem sido observada.
Cenário
Geovane Nascimento, responsável pela Itapoços, afirma que a paralisação da Vale assusta o mercado local. Segundo ele, diante dos fatos, os consumidores e os empresários começam a ficar mais receosos a partir do momento que uma empresa grande como a mineradora é impactada dessa forma.
“Nós, como empresários, ficamos com o sentimento de incerteza a respeito desse impacto. Se uma empresa grande pode chegar a fechar, o que poderia acontecer com os pequenos? Esse cenário abala o varejo, as pessoas ficam com medo de gastar por não saber como será daqui para frente. Quem tem dinheiro não gasta e isso trava o ciclo financeiro. Acredito que primeiramente a empresa deveria ter sido notificada para depois ser fechada”, ponderou Geovane Nascimento.
A mesma opinião é compartilhada por Arthur Oliveira, da Invest Imóveis. Ele disse que situação do comércio pode piorar muito, já que no primeiro dia de paralisação lojas e restaurantes sentiram a queda no movimento.
“Se a empresa não faz nada, ela é negligente, se faz manda fechar? A Vale começou a testar os funcionários e, com isso, aumentou o número de casos. No entanto, eu acredito que a paralisação só deveria acontecer se houvesse algum funcionário ou colaborador hospitalizado. Até agora só tem pessoas de quarentena, não precisava disso tudo. O comércio já está sendo prejudicado. A situação já não está boa e agora fica pior”, afirmou o empresário.
Delmo Coelho de Oliveira, dono do restaurante Apricci, também acredita que foi impulsiva a decisão da paralisação das atividades. Para ele, a empresa está fazendo os testes nas pessoas e isso é a coisa certa.
“Como não está cheio o hospital, não tinha necessidade de fechar. Se fosse assim, o comércio inteiro não poderia funcionar, inclusive bancos e supermercados. Tem que ser igual para todo mundo. O comércio já está prejudicado e agora vai ficar pior”, frisou Delmo Oliveira.
Karine Figueredo, proprietária da Rede Minas Farma, expõe que a quantidade de caos confirmados de Covid-19 entre trabalhadores da Vale é quase uma mostragem da realidade de Itabira.
“Eu sou a favor do isolamento social e acredito que a Vale estava fazendo certo ao testar todos os funcionários. Dessa forma, aqueles que tiverem o resultado positivo serão afastados e permanecerão monitorados”, declarou a Karine Figueiredo.
Assim como os demais empresários, ela comenta sobre os reflexos no comércio. “Com certeza os negócios serão prejudicados. O comércio tem queda, gera desemprego nas pequenas empresas que prestam serviço para a própria Vale. As pessoas precisam se conscientizar porque a vida é o mais importante, saúde no primeiro lugar”, concluiu a empresária.