Estudo de impacto prevê cenário de caos em caso de rompimento da barragem Sul Superior

O estudo de impacto produzido pela Vale e encaminhado à Justiça descreve um cenário de caos em caso de rompimento da barragem Sul Superior, em Barão de Cocais. O potencial destruidor da estrutura poderia afetar a vida de até 10 mil pessoas em Barão, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo, além de provocar […]

Estudo de impacto prevê cenário de caos em caso de rompimento da barragem Sul Superior
Cidades foram sinalizadas com rotas de fuga – Foto: DeFato

O estudo de impacto produzido pela Vale e encaminhado à Justiça descreve um cenário de caos em caso de rompimento da barragem Sul Superior, em Barão de Cocais. O potencial destruidor da estrutura poderia afetar a vida de até 10 mil pessoas em Barão, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo, além de provocar graves danos estruturais em áreas rurais e urbanas desses municípios.

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O documento, chamado no meio técnico de “dan break”, foi uma exigência do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que recorreu à Justiça para ter um estudo de impacto recente, sob pena de multa milionária à Vale. Os dados foram repassados no início desta semana e veio à público nesta quinta-feira, 23.

Em um dos pontos do estudo, ao apresentar de maneira resumida o potencial de destruição da barragem, a Vale fala em “inundação generalizada de áreas rurais e urbanas com graves potenciais de danos estruturais e perda de vidas humanas, especialmente no distrito de Socorro e nos municípios de Barão de Cocais, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo”.

Nas três cidades citadas no estudo de impacto, as populações já passaram por simulados de evacuação. Segundo a Defesa Civil, precisariam deixar suas residências 6.052 pessoas em Barão de Cocais, 2.444 em São Gonçalo do Rio Abaixo e 1.700 em Santa Bárbara. O tempo calculado para a chegada da mancha de inundação varia de acordo com a distância de cada ponto para a barragem.

Infográfico mostra a região da barragem Sul Superior – Foto: Divulgação Vale

Impactos

O estudo contratado pela Vale simula o rompimento em cenários distintos, sendo o pior deles em tempo chuvoso. Nessas condições, a lama poderia alcançar a velocidade de 50 quilômetros por hora em caso de rompimento.

O relatório cita que o despejo da lama de rejeitos poderia ocasionar problemas de abastecimento de água em comunidades ribeirinhas e de irrigação nas regiões abastecidas, além de impactos em áreas de preservação permanente (APPs) nas faixas marginais ao leito dos cursos de água.

Os danos ambientais ainda incluem assoreamento de cursos de água a jusante da barragem, com deposição de rejeitos no leito do rio São João, que desagua na bacia do Rio Piracicaba, e alteração ou remoção da camada vegetal e do habitat que compõe a fauna e a flora características da região.  

Outro impacto de um eventual rompimento está no acesso e serviços de infraestrutura das cidades atingidas. Segundo descreve o documento, o rejeito poderia causar interrupções em estradas de terra e na rodovia MG-129, que liga Barão de Cocais a Santa Bárbara. Também poderiam ser afetadas linhas de transmissão e, consequentemente, o fornecimento de energia elétrica nos municípios.

Todo o percurso entre a barragem e o ponto final destacado no relatório, em São Gonçalo do Rio Abaixo, tem 70 quilômetros.

Histórico

A tensão em torno da barragem Sul Superior, da Vale, teve início em 8 de fevereiro, quando quase 500 pessoas foram retiradas de suas casas durante a madrugada nas comunidades de Socorro, Piteiras, Vila do Gongo e Tabuleiro, em Barão de Cocais.

Na noite de 22 de março, a barragem subiu ao nível 3, de alerta máximo de rompimento. Cerca de dois meses depois, já em maio, a população passou a ficar mais preocupada com a informação de que uma das paredes da cava da mina de Gongo Soco pode se soltar a qualquer momento. O temor é de que o impacto provoque um abalo capaz de provocar o rompimento da barragem.  

Entenda a situação:

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