Filhas “solteiras” do poeta Vinícius de Moraes recebem pensão da federação
Georgiana é psicóloga, cantora e empresária; sua irmã, Maria, é também empresária cultural e de publicidade
Cerca de 60 mil filhas solteiras de ex-servidores recebem gorda remuneração do Estado. A denúncia partiu da CGU (Controladoria Geral da União), que relata pensão de até R$39 mil por mês. Esses pagamentos – muitos indevidos – custam aos cofres do país, por ano R$3 bilhões, segundo publicação da segunda-feira (27) no jornal O Estado de São Paulo. No levantamento da CGU, pelo menos 4 mil mulheres burlaram a legislação que lhes garante o benefício e continuam a receber a mesada.
Numa operação pente-fino, a CGU cruzou os dados com cartórios de todo o país e descobriu que dessas, 2.300 se casaram ou vivem em união estável. Outras 1.700 ingressaram no serviço público. As duas situações são proibidas por lei e causam um prejuízo de R$145 milhões por ano.
Entre as beneficiárias, a filha de Vinicius de Moraes (compositor e músico), que foi diplomata, Georgiana de Moraes, que, em união estável, recebe R$13 mil por mês, desde 9 de julho de 1980, quando Vinícius morreu. Também a sua irmã, Maria de Moraes, também recebe o benefício de R$ 13,6 mil desde quando tinha 10 anos. Maria tem hoje 53 anos.
Depois de uma auditoria do TCU em 2016, as pensões foram canceladas, por considerar que elas tinham renda própria, como emprego em atividade empresarial ou particular. Georgiana é psicóloga, cantora e empresária; sua irmã, Maria, é também empresária cultural e de publicidade.
No entanto, decisão do ministro Edson Fachin, decidiu pela legalidade do pagamento, contrariando o TCU e determinando o retorno dos benefícios, “que são previstos em lei, mesmo se elas trabalhassem”. Essa decisão solo do ministro Fachin fez retomar a mesada das filhas do poeta, retroagindo ao período em que ficaram sem receber, custando aos cofres públicos, cerca de R$ 400 mil.