“Ganho apenas R$ 14 de lucro com botijão de R$ 63”, diz empresário de gás de cozinha

Pesquisa de economista indica que há concorrência para o gás de cozinha em Itabira, mas para a gasolina não

“Ganho apenas R$ 14 de lucro com botijão de R$ 63”, diz empresário de gás de cozinha

Somente representantes de revenda de gás de cozinha em Itabira compareceram na audiência pública que discutiu sobre o preço do botijão e da gasolina na cidade. O encontro, que aconteceu na noite dessa terça-feira, 30 de maio, lotou o plenário da Câmara Municipal.

Eram aguardados proprietários das redes de postos e promotores do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), mas não compareceram. O autor do requerimento para a realização da audiência, o vereador André Viana (PTN), presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara Municipal, disse que o intuito da audiência foi discutir a composição do custo do combustível e do gás praticado na cidade.

O empresário do Gás da Hora, Paulo Henrique Reis, disse que o gás é produzido por única empresa no Brasil, a Petrobras. Paulo afirmou que existe sim concorrência na cidade, mas que é difícil competir com atacadistas. “Se eu não pagasse tudo que eu pago, teria como abaixar o preço. O custo de vida em Itabira é alto. Só não faço mais barato porque não dá”, argumentou.

Já o empresário Jocimar Madeira, do J Gás, contou que lucra apenas R$ 14 no botijão de gás que custa R$ 63. “Preferiria estar trabalhando de carteira assinada. Neste mês, meu faturamento não foi nem de R$2 mil”, desabafou.

O economista da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Lucas Ribeiro, apresentou o estudo encomendado pela Câmara Municipal, “Análise da Conduta das Revendedoras de Gasolina e Gás Liquefeito de Petróleo em Itabira”. A pesquisa indica concorrência do preço de gás em Itabira. Segundo André Viana, a maioria das pessoas não fazem pesquisa de preço. “A culpa é nossa. Sabemos onde é mais barato, mas compramos no mais caro”, salientou André.

Indícios de cartel

Segundo Lucas, há fortes indícios da prática de cartel na venda de gasolina em Itabira. “Não existe concorrência. Não posso afirmar o cartel, cabe ao Ministério Público investigar agora”, disse.

O preço do litro da gasolina em Itabira, que opera próximo dos R$ 4, é motivo de reclamação constante de motoristas. Ocorre que o valor dos combustíveis nos postos não pode ser tabelado e teria de ser estipulado pela livre concorrência. No entanto, os preços do derivado do petróleo na cidade são semelhantes em um universo de 40 estabelecimentos, aponta o estudo.

A pesquisa apresentada pelo economista observou o comportamento de revendedores no período entre 2010 e 2016. Na amostragem mais recente, considerando o mês de dezembro de 2016, o artigo compara os preços praticados em Itabira aos de João Monlevade, cidade vizinha localizada a pouco mais de 30 quilômetros. 

Agora, André Viana quer que a denúncia repercuta em Brasília e chame atenção de autoridades para o caso. “A luta é lenta, tem processos, mas não vamos desistir enquanto não houver respeito aos consumidores de Itabira”, concluiu. 

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