Um homem, integrante de uma organização criminosa que atua em Itabira, foi condenado a mais de 83 anos de prisão, em julgamento realizado ontem (28), no Fórum Desembargador Drummond. A pena é a maior já registrada na história do município.
Conforme denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), em abril de 2023, o réu (junto de outras três pessoas processadas em autos desmembrados), efetuou mais de 50 tiros na rua das Flores, no bairro Nova Vista. O tiroteio atingiu sete pessoas, entre crianças e idosos, sendo que uma das vítimas – Rui Jorge da Conceição, de 55 anos -, não resistiu aos ferimentos e morreu.
De acordo com o MPMG, os disparos foram feitos com armas de grosso calibre, na via pública cheia de transeuntes, sem mirar em alvo específico, assumindo o risco de acertar quem estivesse na linha de tiro. As tentativas de assassinato teriam sido motivadas pela disputa de tráfico de drogas envolvendo dois grupos criminosos, em revide a um tiroteio ocorrido em março daquele mesmo ano, durante uma festa de aniversário onde estavam cerca de 50 pessoas, no bairro Pedreira.
Após 12 horas de julgamento, os sete jurados de Itabira acolheram todas as teses sustentadas pelo promotor de justiça Hélio Pedro Soares, e condenaram o acusado pela prática de um homicídio consumado triplamente qualificado; seis homicídios tentados também triplamente qualificados; pelo crime de receptação e pelo crime de associação criminosa armada. Todas as teses sustentadas pelos quatro defensores do réu foram rejeitadas.
Acatando a decisão do Conselho do Júri Popular, a juíza Dayane Rey da Silva dosou uma pena de 83 anos, dois meses e 15 dias de reclusão. A sentença ainda é passível de recurso, e é considerada a maior já registrada no município, superando uma condenação ocorrida em setembro de 2023, quando um indivíduo teve uma pena estipulada em 67 anos de prisão. Segundo o promotor de Justiça Hélio Pedro Soares, “a ousadia da ação causou clamor público e espalhou pânico na população”.
Relembre
Em 11 de abril de 2023, a Polícia Militar foi acionada após os indivíduos, que estavam em um Renault Duster, de cor branca, terem efetuado mais de 50 disparos em direção às vítimas, no bairro Nova Vista. A perícia técnica da Polícia Civil esteve no local e recolheu diversas cápsulas de munição de calibre .380 e 9 mm. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou a ser acionado para o resgate das vítimas. Rui Jorge, que foi baleado na cabeça, chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu no caminho para o Pronto-Socorro.
Em 16 de novembro daquele mesmo ano, o Tribunal do Júri de Itabira condenou um homem a mais de 57 anos de prisão, em regime fechado, por envolvimento no tiroteio ocorrido na Pedreira.