“Itabira foi o pé do sucesso da Vale para o mundo, mas é um pé descalço, machucado e sem a atenção necessária”, declara Elias Lima
Vereador alerta para manobras da empresa e critica contrapartidas irrisórias: “revegetação com grama é o que nos resta?”


Em pronunciamento firme na Câmara Municipal de Itabira, o vereador Elias dos Reis de Lima (Solidariedade) fez duras críticas à mineradora Vale, após participar da reunião pública realizada pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente (Codema) na segunda-feira (12), sobre o projeto de ampliação de cavas da empresa no município. Para ele, a postura da mineradora revela uma estratégia de pressão contra a cidade.
“A situação é mais grave do que a gente imagina”, afirmou. Segundo o parlamentar, a Vale tem agido como em um jogo de xadrez, manipulando discursos e confundindo a população. “Ontem [segunda-feira] ficou claro: se não houver aprovação da ampliação, não tem mais mineração. E mesmo com a liberação, o prazo é até 2041. Isso já está decidido. Ou seja, temos apenas 16 anos de mineração pela frente”, alertou Elias.
O vereador também criticou o posicionamento e a falta de diálogo da empresa. “A Vale só continua se liberar a ampliação das cavas. Caso contrário, vai parar tudo. Se a gente não entender isso como um perigo real, vamos deixar a cidade à mercê [dos interesses da Vale]”, criticou.
Elias também denunciou a forma como a audiência pública foi conduzida. De acordo com ele, funcionários da própria Vale faziam perguntas à empresa durante o evento, em uma tentativa de mascarar o debate. “Se a secretária [de Meio Ambiente, Elaine Mendes] não tivesse tido a habilidade de separar os funcionários da comunidade, a população ficava do lado de fora. Tudo foi manobra”, afirmou.
Outro ponto duramente criticado foram as compensações ambientais oferecidas pela empresa. “As compensações propostas pela Vale, são todas na região metropolitana de Belo Horizonte, e aqui é só, deixa eu ler aqui, e aqui, em Itabira, a proposta é de plantio de grama, de material rasteiro. A gente vai ter que aguentar calado, vai ficar por isso mesmo? Se não começarmos a atuar e agir com precisão agora, não teremos mais força para o futuro”, ressaltou.
Elias encerrou seu discurso com uma metáfora forte: “Itabira foi o pé do sucesso da Vale para o mundo, mas é um pé descalço, um pé machucado, um pé ferido, sem a atenção necessária”.