Julgamento em “Itabiremberg”

Anuncio-me como um dos réus. E não pode sobrar ninguém sem passar pela peneira. Vítima: Itabira, ex-Mato Dentro, agora “no mato sem cachorro”

Julgamento em “Itabiremberg”
Foto: Rodrigo Andrade/DeFato
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Gente, o povo fala, o povo xinga, o povo acusa, o povo defende. Esta não é uma marchinha ou samba de carnaval. Apenas um chamado de atenção de quem resolveu esquecer os problemas da vida e foi rebolar por aí. Vamos sugerir a implantação em nossa urbe do Tribunal Municipal de Justiça (TMJ) para resolver essa intricada questão de despedida da Vale S.A. do Sistema Sul. Adeus, Itabira!

Vamos, então, apresentar algo já conhecido do mundo. Nazistas trucidaram seis milhões de judeus. Itabiranos, todos nós somos vítimas dos antissemitas. Ou somos os próprios. A pergunta-chave:

— Quem são os verdadeiros culpados pelos riscos que Itabira está enfrentando com a já iniciada exaustão das minas de ferro e a caída drástica da arrecadação municipal? A Vale conduz, unilateralmente, em processo de trabalho iniciado há cerca de dois anos, o nosso fim.

As ações são normas judiciais chamadas de “fechamento de minas”. A produção de nosso outrora cantado minério de ferro, e mesmo o enriquecido pelo processo de concentração, cai paulatinamente e depois drasticamente. Devagar neste início, como convém aos estrategistas. Só percebem os que vivem de antenas ligadas, de QI normal.

Há alguém importante na Prefeitura de Itabira que se chama Denes Lott (*), dos poucos de extrema confiança do senhor prefeito e que sabe qual será o nosso futuro e até se temos lugar na vida por vir. Ele tem no polpudo currículo trabalho de mestrado que aborda o tema, em que tenta aplicar sua “matemática” inexata. Lott sabe do fundo da alma (acredito que não a vendeu) que estamos próximos de comer o pão que o diabo amassou. Só os conterrâneos de Drummond vivem o sonho do baú transbordado de riquezas. E esses são espécimes em extinção.

Julgamento

Vendo os filmes “Julgamento em Nuremberg”, um longa (pouco mais de três horas de metragem), transformado em drama, histórico, dirigido por Stanley Kramer, vê-se estampado o futuro. No fim, os nazistas são condenados inapelavelmente. Plagiando Nuremberg, foram vários julgamentos que se fizeram.

Julgamento em "Itabiremberg"
Foto: Getty Images

Em Itabira, pelo que imagino, pode ocorrer pelo menos um momento neste ano eleitoral de 2024. A necessidade urgente parte do risco que Itabira corre de enfiar-se no atoleiro. Os melhores candidatos para as eleições municipais deste ano podem emergir do seio desta sociedade. E todos terão de ser heróis. O cuidado maior será em não deixar que os idiotas emotivos tomem o lugar dos filhos de Deus. Esses são os belzebus de plantão.

Proposta

Proponho que seja montadas cenas de julgamentos, cujos réus sejam personagens que participaram ou ainda participam da existência de Itabira minerária. Tais figuras seriam convidadas, ou convocadas a prestar contas a uma tribunal previamente montado, sem chance de permitir aos ativistas em sofismo, exagerarem na costumeira verborragia.

A sociedade civil organizada itabirana poderia liderar a manifestação democrática e ocuparia exatamente o espaço dos debates pré-eleitorais. Sugiro um entendimento entre a Câmara Municipal e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção de Itabira. Que saibam todos o que é primordial: Itabira está a um milímetro de seu próprio enforcamento.

Roteiro

Apenas copiando o que foi prescrito como normas de um dos mais aceitáveis estatutos do Julgamento em Nuremberg, copio como sugestão. Na sentença, o fim seria o enforcamento. Esse significa afastamento do direito de dar palpite nas eleições.

O crime contra Itabira se explica com questionamento a seguir: o que você (prefeito, vice-prefeito, ex-prefeito, ex-vice-prefeito, vereadores, ex-vereadores, secretários, ex-secretários, testemunhas) fez ou deixou de fazer para que nos tornássemos o maior cenário de todos os tempos do Bolsão de Miséria que a própria Vale tentou combater desde a sua criação?

Pauta

A pauta seria organizada após a montagem dos componentes da mesa de julgamento. Simples de entender, os maiores responsáveis estão vivos e fazem de conta que fazem parte do lado do bem.

Notas finais

* Denes Martins da Costa Lott é advogado, Mestre em Sustentabilidade Ambiental e atual secretário municipal do Meio Ambiente de Itabira.

** Quem tem medo do Juízo Semifinal?

José Sana é jornalista, historiador, professor de Letras e ex-vereador em Itabira por dois mandatos, onde reside desde 1966

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