Lockdown: prefeitos da região podem determinar medidas mais duras contra a Covid

O aumento de casos de Covid-19 tem preocupado os prefeitos da região do Médio Piracicaba, que buscam soluções para conter o avanço do vírus em suas cidades. Na sexta-feira (5), às 13h, acontece mais uma reunião da Associação dos Municípios da Microrregião do Médio Piracicaba (Amepi) e, nela, será discutido o endurecimento de medidas contra o coronavírus — com a possibilidade, inclusive, de um lockdown regional.

Em nota enviada à reportagem da DeFato na noite de terça-feira (2), a Prefeitura de Itabira confirmou que vem discutindo com prefeitos da região o avanço da Covid-19, a ocupação hospitalar e as medidas de contenção da pandemia. Dessa forma, um conjunto de ações regionais se faz importante para impedir que o vírus circule entre cidades vizinhas, tornando o quadro ainda mais complicado no Médio Piracicaba.

“Os prefeitos fizeram um diagnóstico das suas cidades e concordaram que a situação na região demanda medidas mais rigorosas — e em conjunto —, mas ainda sem uma definição de como funcionará. Isso será definido até a sexta-feira, quando está programada uma nova reunião da Amepi”, informa a nota da assessoria de comunicação da Prefeitura de Itabira.

Nos últimos dias, foram realizadas diversas reuniões entre os prefeitos que integram a Amepi. Na quinta-feira, 25 de fevereiro, o secretário de Governo de Itabira, Gabriel Quintão, manifestou a sua preocupação com o impacto regional da pandemia de Covid-19 no sistema de saúde itabirano.

Na ocasião, ele afirmou que “Itabira é uma cidade-polo e a gente sabe que é a referência para os municípios da região. O nosso temor, no entanto, é que aconteça aqui o que estamos observando em Uberlândia, que também é uma cidade-polo e está em colapso. Os número recentes acenderam este alerta e estamos aqui trazendo essa preocupação para os prefeitos da região. Nossa demanda é por ações conjuntas, que minimizem a proliferação do coronavírus e traga um alívio para todos os municípios”.

Em nova reunião da Amepi, realizada na terça-feira (2), os prefeitos voltaram a manifestar preocupação com o avanço da pandemia. Assim, eles passaram a cogitar medidas mais duras para o enfrentamento do vírus. “Precisamos tomar uma decisão rápida. Não pode passar desta semana”, ressaltou Dr. Laércio Ribeiro (PT), prefeito de João de Monlevade.

Para Décio dos Santos (PSB), prefeito de Barão de Cocais, é necessário coesão entre as prefeituras para encontrar as melhores soluções. Segundo ele, “é preciso respeitar as particularidades de cada município, mas os prefeitos não podem apresentar decretos completamente díspares. Caso contrário, as ações não terão efeito”.

Reflexos

Enquanto os municípios discutem a adoção de medidas regionais contra o coronavírus, algumas instituições já estão implantando ações mais rigorosas. Na terça-feira, a Câmara de Vereadores de Itabira cancelou a reunião ordinária, que seria realizada naquela tarde, e informou a suspensão temporária das suas atividades presenciais.

De acordo com a assessoria de comunicação do Legislativo itabirano, houve casos de Covid-19 entre os servidores e, dessa forma, o quadro de funcionários foi dispensado até que seja submetido aos exames de detecção da síndrome respiratória. Também informou que os ambientes de trabalho da Câmara passarão por desinfecção.

Em Barão de Cocais, a Câmara de Vereadores tomou medida semelhante na terça-feira ao confirmar casos de coronavírus entre servidores e familiares. Com isso, o Legislativo cocaiense está com o seu expediente suspenso por tempo indeterminado.

Cenário em Itabira

De acordo com o último boletim epidemiológico da Prefeitura de Itabira, divulgado na noite de terça-feira, a cidade tem, desde o início da pandemia, 9.109 infectados pela Covid-19 — sendo que 117 casos foram registrados nos dois últimos dias. Além disso, já foram contabilizadas 78 mortes pela doença.

Ainda nesta semana, Itabira ultrapassou os 70% de taxa de ocupação dos leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) para Covid-19. Com um total de 26 leitos de UTI, o município tem 20 deles ocupados, o que caracteriza 77% da taxa de ocupação.

A cidade também conta com 55 leitos de enfermaria para pacientes com coronavírus. Desses, 35 estão preenchidos, o que gera uma taxa de ocupação de 64%. Entre os 20 pacientes internados na UTI, dez são de Itabira e o restante de municípios da região. Na enfermaria, 15 pacientes são de outras cidades e dez são itabiranos.

Além disso, existe a possibilidade de que Itabira receba pacientes de outras regiões e cidades de Minas Gerais. De acordo com a Prefeitura de Itabira, o Governo de Minas Gerais solicitou leitos SUS para pacientes de Uberlândia — cidade que enfrenta o colapso da sua rede de saúde —, mas a transferência acabou não se concretizando.

“Houve pedido do Estado para pacientes de Uberlândia, mas acabou não concretizando. É uma situação que pode, sim, acontecer, por se tratar de leitos do SUS. Tem acontecido no Brasil todo. É uma preocupação da Secretaria Municipal de Saúde e mais uma situação para administrar neste momento de alta da pandemia”, destacou a assessoria de comunicação da Prefeitura de Itabira.

A região

Em Santa Maria de Itabira, conforme boletim epidemiológico divulgado nesta quarta-feira (3), são 422 infectados pela Covid-19, dez óbitos confirmados e uma morte em investigação.

Já em Nova Era, foram registrados 677 contaminados pelo coronavírus e 18 falecimentos. Enquanto que em Barão de Cocais são 1.746 casos confirmados, com 14 mortes pela doença.

Em João Monlevade são 4.078 infectados pela Covid-19, 90 óbitos confirmados e uma morte em investigação.

Amepi

Fundada em 1985, a Amepi é uma entidade civil que visa ampliar e fortalecer a capacidade administrativa, econômica e social dos municípios do Médio Piracicaba.

Atualmente, fazem parte da entidade as cidades de Alvinópolis, Barão de Cocais, Bela Vista de Minas, Bom Jesus do Amparo, Catas Altas, Dionísio, Dom Silvério, Itabira, João Monlevade, Nova Era, Nova União, Rio Piracicaba, Santa Bárbara, Santa Maria de Itabira, São Domingos do Prata, São Gonçalo do Rio Abaixo, São José do Goiabal e Sem Peixe.