Milei é alvo de críticas por faltar à Cúpula do Mercosul

Milei foi representado por sua chanceler ao viajar para o Brasil, por causa do fórum conservador em Balneário Camboriú

As críticas ao presidente argentino, Javier Milei, por faltar à reunião de cúpula do Mercosul, foi pauta de comentários dos presidentes presentes ao evento, tanto de direita quanto da esquerda.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por exemplo, fez críticas a posturas de isolamento no bloco, defendendo o fortalecimento do Instituto Social e do Instituto de Políticas Públicas e Direitos Humanos e questionou tentativas de “apagar” a palavra gênero de acordos e iniciativas regionais e de implementar um “pseudo aggiornamento” (adiamento) do Mercosul.

Fontes governamentais asseguram que as palavras do presidente foram endereçadas à Casa Rosada.

“Não faz sentido recorrer ao nacionalismo arcaico e isolacionista, tão pouco à justificativa para resgatar experiências ultraliberais que apenas agravaram desigualdades da nossa região”.

Lula também disse que: “Falsos democratas tentam solapar as instituições e colocá-las a serviço de interesses reacionários. Enquanto nossa região seguir entre as mais desiguais do mundo, a estabilidade política permanecerá ameaçada. Democracia e desenvolvimento andam lado a lado. No mundo globalizado não faz sentido recorrer ao nacionalismo arcaico e isolacionista.
Tampouco há justificativa para resgatar as experiências ultraliberais que apenas agravaram as desigualdades em nossa região. O Mercosul é resiliente e tem sobrevivido aos difíceis anos de desintegração. Pensar igual nunca foi critério para engajamento construtivo nas tarefas do bloco. A diversidade de opiniões, sem extremismos e intolerância. É sempre bem-vinda”.

Luiz Lacalle Pou, presidente do Uruguai, de direita, lembrou que: “Não só a mensagem importa, o mensageiro é muito importante e, obviamente não menosprezo ninguém. Mas se o Mercosul é tão importante, aqui deveriam estar todos os presidentes. Eu dou importância ao Mercosul. E se realmente acreditamos nesse bloco, deveríamos estar todos”.

O presidente da Bolívia, Luís Arce, agradeceu o apoio da maior parte dos países da região na recente tentativa de golpe e, sem mencionar Milei, teceu críticas ao colega argentino, que insistiu na acusação de que o governo boliviano “fez uma falsa denúncia” da tentativa de golpe fracassada.

A fala de Milei se deu depois que o general José Juan Zuñiga, depois de detido, afirmou ter agido a serviço de Arce, para aumentar a sua popularidade, negado veementemente pelo presidente boliviano.

“Lamentamos declarações infundadas e pouco sérias a respeito de um suposto autogolpe quando lamentavelmente se tratava de um clássico golpe de Estado”.

No encontro entre os presidentes dos países membros do Mercosul, em Assunção, na semana passada, Milei foi representado por sua chanceler, mas viajou ao Brasil para discursar em um fórum conservador em Balneário Camboriú, com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro.