A convite do Instituto Espinhaço, o ministro do Tribunal de Contas da União, Augusto Nardes, esteve em Conceição do Mato Dentro para discutir as potencialidades da agricultura aliada a preservação do meio ambiente. Além disso, a visita também teve como objetivo propor a criação de uma rede de governança para planejar o futuro do município.
Durante três dias de agenda, de 29 a 31 de outubro, o ministro conversou com produtores rurais e importantes lideranças de Conceição do Mato Dentro. Ele também conheceu as instalações do Centro de Desenvolvimento Florestal Sustentável, do Instituto Espinhaço. No local, há grande produção de mudas e são realizadas importantes pesquisas para o aprimoramento da cadeia produtiva florestal. De acordo com o presidente do Instituto Espinhaço, Luiz Cláudio Oliveira, o encontro foi primordial para contribuir com a comunidade conceicionense.
“O ministro Nardes é uma das maiores referências brasileiras na temática da governança. Ele é embaixador da Rede de Governança Brasil, coletivo que já está presente em mais de 20 estados brasileiros. Estamos buscando estruturar novas modelagens que possam servir como exemplos replicáveis para o estado de Minas Gerais”, afirma Luiz Oliveira.
Ainda, segundo o presidente do Instituto Espinhaço, os realizados durante a visita reuniram grupos da sociedade local e setores produtivos para propor uma perspectiva de diálogo, com uma cultura de paz e engajamento. “Propomos que o município promova uma releitura das oportunidades em seu território, articulando, desenvolvendo e integrando as paisagens rurais e urbana”.
Para ele, “a atividade de produção agrícola e a agropecuária, em Conceição, podem ter um papel estratégico, não apenas na diversificação de atividades produtivas e geradoras de riquezas mas, especialmente, como ferramenta estratégica”. Luiz Cláudio acredita que a gestão integrada do território deve ser focada no desenvolvimento sustentável para o município e sua população.
Para o ministro do TCU, Augusto Nardes, a visita possibilitou reconhecer na região um potencial fantástico, não só pelas belezas naturais como também por meio da presença do produtor rural. “O município tem potencial. O pequeno produtor pode ser instrumento transformador para que Conceição se torne um grande polo de turismo rural e de produção de mercadorias características da região. Bem como parceiro na recuperação das nascentes, plantando mais árvores, produzindo mais água, e assim defendendo o Rio Santo Antônio”, disse.
Augusto Nardes afirmou também que Conceição é uma alternativa de modelagem para o desenvolvimento sustentável para o resto do Brasil.
“Com apoio do Instituto Espinhaço, que nasceu aqui, eu acredito muito nesse projeto. A comunidade aceitou implantar a governança e o desenvolvimento sustentável. Assim, é possível criar uma rede com a crença de que o produtor rural, a partir desse trabalho de cooperação do Instituto Espinhaço e com o apoio do município, vai transformar a cidade, deixando um grande legado para as gerações futuras”.
A produtora rural e representante da Associação de Produtores de Capitão Felizardo, Simone Elaine Moura Otoni, disse que o encontro com o ministro foi muito importante para o setor. Ela percorreu 90km para participar da conversa e esclarecer dúvidas. “Conversar sobre a fonte de recursos para trazer renda para os produtores rurais é bem importante. Entendemos que temos responsabilidade no que diz respeito a produção de alimentos. Sem a preservação da natureza não existe produção no campo”, destaca.
Rede de Governança
O ministro Augusto Nardes e o Instituto Espinhaço, estruturaram e propuseram a criação de um projeto piloto de uma Rede de Governança de Conceição do Mato Dentro. A ideia foi apresentada ao prefeito, Zé Fernando, para fazer no município um modelo piloto que seja replicável em outras cidades do Brasil.
O projeto piloto está conectado a uma plataforma nacional que visa levar a agenda do desenvolvimento sustentável ao interior do Brasil. O Instituto Espinhaço é, hoje, uma referência nacional na área já que é membro da Câmara Temática da Agenda 2030, na Presidência da República. Além disso, o Instituto promoveu os primeiros planejamentos de políticas públicas relacionadas à Agenda 2030 no Brasil, tanto em âmbito estadual quanto municipal.
“Há muito por fazer, dialogar e a transformar. Por isso, não devemos ficar esperando. Devemos nos mover, alinhar corações e mentes para um projeto em comum. Este é um processo coletivo, com o foco em planejar o futuro do município desde já. Afinal, a riqueza de Conceição tem que se transformar em prosperidade para seu povo”, propõe o presidente do Instituto.
Além disso, Luiz defende que a comunidade precisa ser o centro das decisões. Para isso, deve-se promover a participação e o engajamento das pessoas, levando esperança e, sobretudo, atendendo aos anseios das populações. “É preciso fortalecer uma cidadania ativa e empreendedora que possa cooperar com a transformação de Conceição do Mato Dentro em um município do conhecimento, educação e inovação. Neste contexto, nossa maior economia não será a minerária. Será a economia do conhecimento”, afirma.