Monlevade recorre ao MP para que Vale garanta água se barragem romper em Barão

A cidade de João Monlevade (MG) pode sofrer com desabastecimento generalizado caso a barragem Sul Superior, da Vale, se rompa em Barão de Cocais (MG). É que, se isso ocorrer, o rio Santa Bárbara será contaminado. O curso é a principal fonte da cidade. De acordo com o diretor do Departamento de Água e Esgoto (DAE), […]

Monlevade recorre ao MP para que Vale garanta água se barragem romper em Barão
O diretor do Departamento de Água e Esgoto (DAE) de João Monlevade

A cidade de João Monlevade (MG) pode sofrer com desabastecimento generalizado caso a barragem Sul Superior, da Vale, se rompa em Barão de Cocais (MG). É que, se isso ocorrer, o rio Santa Bárbara será contaminado. O curso é a principal fonte da cidade.

De acordo com o diretor do Departamento de Água e Esgoto (DAE), Cleres Roberto de Souza, ainda não há um plano de emergência.

A autarquia aguarda um posicionamento da mineradora. Até o momento, a Vale diz apenas que garantirá o suprimento de João Monlevade, caso a estrutura venha abaixo. Contudo, não dá detalhes.

Diante da situação, o DAE acionou o Ministério Público, por meio da 1ª Promotoria de Justiça da Comarca de João Monlevade.

O objetivo é buscar a intermediação do órgão para que a mineradora elabore e apresente um plano alternativo.

E ainda que garanta sua execução “no mais curto espaço de tempo”, conforme Cleves.

“É preciso rapidez para não comprometer a captação e o abastecimento do município”, conforme Cleves.

O possível colapso no sistema de fornecimento de água foi, inclusive, foco de debate entre os vereadores na última reunião ordinária da Câmara Municipal. O encontro foi na quarta-feira passada (22).

DAE de Monlevade capta 25 milhões de litros/dia

O DAE capta, trata e distribui aproximadamente 25 milhões de litros de água por dia (290 litros por segundo). O volume dá para encher 650 caminhões-pipa. A população de João Monlevade é estimada em cerca de 80 mil habitantes.

“João Monlevade é totalmente dependente do rio Santa Bárbara. Não existe outra alternativa”, afirma Cleres.

Ele explica que a captação no rio Piracicaba exige um investimento “inexequível e a longo prazo”. “A gente estima no mínimo R$ 60 milhões”, informa.

Além da fonte principal, que fica a 10 km da cidade, na região de Pacas há alguns poços artesianos que ajudam a reforçar as regiões mais altas. Mas são subsistemas que não representam nem 1% do total necessário.

O diretor do DAE espera que esta semana uma nova reunião aconteça com representantes da Vale para discutir uma solução.

“Além do abastecimento, a gente quer garantias de que a qualidade do rio se mantenha nos parâmetros de hoje”, afirmou Cleves. “É uma responsabilidade dela”, frisa.

 

Sede do Departamento de Água e Esgoto (DAE) de João Monlevade/Foto: Sérgio Santiago/DeFato Online

Reservatórios não durariam um dia

O sistema do DAE conta atualmente com alguns reservatórios que somam 15 milhões de litros. O maior deles tem capacidade para 4 milhões. Pelas contas do próprio departamento, a água não daria para abastecer a cidade nem por um dia.

Além da quantidade ser insuficiente, há outro agravante, caso a captação no rio seja suspensa: as caixas precisam estar cheias. Do contrário, a pressão nos tubos diminui e os bairros mais distantes não são abastecidos.

A Vale afirma que, caso a barragem em Barão de Cocais realmente estoure, a lama será contida na represa de Peti, que foi parcialmente esvaziada. Tal medida não resolve, contudo, a turbidez (sujeira que deixa a água cor de barro).

O sistema do DAE foi dimensionado para tratar até determinado teor de sujidade, acima do qual a potabilidade fica comprometida.

Em Governador Valadares, na época do rompimento da barragem de Mariana, a Samarco montou dezenas de postos de distribuição de água engarrafada. A medida visava atender às necessidades básicas da população.

Entretanto, longas filas se formaram na época e houve muita reclamação, como mostraram as reportagens à época.

Em João Monlevade, as autoridades sanitárias esperam que barreiras de contenção sejam colocadas no rio e que medidas eficazes sejam tomadas, porque não há plano B.

Abastecer os reservatórios com caminhões pipa (650 por dia) seria medida “inexequível” por motivos diversos.

O principal deles é que o trânsito não comporta tráfego intenso de veículos pesados.

Mas há outros: não há fontes na região com vazão suficiente e nem estação de tratamento para purificar a água bruta.

 

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