Transferências de outras cidades preocupa MP de Itabira por possível sobrecarga no sistema de saúde
A preocupação é da promotora de justiça Sílvia Letícia Bernardes Mariosi Amaral e condiz com o fato de Itabira ser reconhecida como polo regional da saúde

Em um cenário emergencial durante a pandemia do novo coronavírus, o Ministério Público de Itabira teme que o município sofra com uma possível sobrecarga no sistema de saúde. A preocupação é manifestada pela promotora Sílvia Letícia Bernardes Mariosi Amaral e está relacionada ao fato de Itabira ser reconhecida como polo regional pela Secretaria de Estado de Saúde. Com isso, o sistema público da cidade fica responsável por atender a uma população aproximada de 400 mil pessoas, que engloba municípios vizinhos.
Segundo a promotora, é importante entender que Itabira é sede de uma microrregião sanitária, na qual fazem parte 13 municípios. Assim, o sistema de saúde itabirano pode vir a receber muitos pacientes transferidos de cidades da mesma microrregião, caso precisem de suporte no atendimento para Covid-19. Além disso, o município também faz parte da macrorregião centro, que é composta por 101 municípios, o que aumenta ainda mais o raio de possibilidades de transferências de pacientes para Itabira.
“Muitas vezes as pessoas não percebem que Itabira é sede da microrregião, mas também está inserida em uma macrorregião sanitária centro, com sede em Belo Horizonte. Da mesma forma que podemos encaminhar um paciente para BH, se o sistema de saúde da capital entrar em colapso, também podemos receber pacientes de lá. Às vezes as pessoas têm uma noção equivocada de que Itabira está tranquilo porque os hospitais estão vazios, mas a verdade é que a situação está controlada aqui”, destaca Sílvia.
Nessa terça-feira (5), a Prefeitura de Itabira divulgou que possui 127 leitos disponíveis para tratamento exclusivo de pessoas com sintomas do novo coronavírus. As unidades estão divididas entre o Hospital Municipal Carlos Chagas (HMCC) e o Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD). Um hospital de campanha, com mais 60 leitos, já foi projeto para ser instalado na Mata do Intelecto, em caso de necessidade. Nos últimos meses, desde que foi instaurada a pandemia, a cidade já recebeu pacientes de Ferros, Bom Jesus do Amparo e Nova Era.
Possíveis cenários
Uma hipótese levantada pela promotora Silvia alerta para um possível cenário de sobrecarga. “Se houver uma flexibilização do comércio em BH e aumentar a quantidade de pacientes nos hospitais de lá, o sistema entra em colapso. Então, passamos a receber pacientes não só de BH, mas também de Betim, Contagem e Ribeirão das Neves, por exemplo”, destaca a promotora.
Como ação preventiva a esse cenário, ela afirma que é importante desenvolver um plano de atuação regional coordenada. A representante do MP acredita que, por mais que seja difícil a adesão de todos os municípios envolvidos, vale a pena conversar com os integrantes da microrregião para alinhar decisões de enfrentamento da doença e políticas de flexibilização do comércio. Isso, segundo a promotora, evita o desgaste entre as prefeituras e divide as responsabilidades entre os governos.
A promotora cita, especificamente, a preocupação com a transferência de pacientes da microrregião de Guanhães para Itabira. “Lá não tem UTI e hoje a referência é feita para BH. Enquanto eles não instalarem os 10 leitos exclusivos obrigatórios para Covid-19, o Estado quer que Itabira seja a referência para Guanhães. Isso acontece porque fazemos parte da mesma Gerência Regional de Saúde (GRS). Além disso, estamos mais perto”, esclarece Silvia.