“No Brasil, até o passado é incerto”
O retorno do ex-presidente Lula ao tabuleiro político brasileiro é o tema do novo texto da colunista Rita Mundim
Esta frase foi dita pelo ex-ministro da fazenda do governo Fernando Henrique Cardoso, o economista Pedro Malan, e, nunca foi tão verdadeira para descrever a situação atual onde assistimos o Supremo Tribunal Federal anular todos os processos e julgamentos feitos no âmbito da operação Lava-jato, em Curitiba, que envolviam o ex-presidente Lula e que não diziam respeito à Petrobras.
Os julgamentos sobre o triplex do Guarujá, o sítio em Atibaia e o Instituto Lula voltaram à estaca zero e serão remetidos para o Distrito Federal ou para São Paulo. Lula, além de ex-presidente, ex-presidiário passa a ser também ex-condenado e volta à cena política às vésperas das eleições presidenciais de 2022. Em paralelo, foi instalada a CPI da gestão da COVID, que tem como objetivo principal apurar a atuação do governo federal na pandemia e terá como relator, Renan Calheiros.
E eu aqui escrevendo uma coluna de economia até agora só falei de políticos, com exceção de Pedro Malan, o economista, autor da frase do título. Mas infelizmente política e economia andam juntas e é por isso que eu tenho que falar da volta ao protagonismo da cena política brasileira desses fantasmas do passado, como economista, e como colunista de economia , eu me sinto na obrigação de fazer um alerta sobre o retrocesso econômico que pode vir por aí se esses fantasmas e seus asseclas que já tiveram seu tempo e suas chances de fazerem o bem para sociedade brasileira e não o fizeram, retornarem com força política suficiente para retrocederem o modelo econômico ao capitalismo de estado.
A pandemia é tão séria e tão mortal que impede a absorção de qualquer notícia boa mesmo que ela seja muito boa, como é o caso da retração de apenas -4,1% do PIB brasileiro em 2020, a geração de mais de 200.000 postos de trabalho com carteira assinada em janeiro e de mais de 400.000, em fevereiro, recordes históricos para os meses.
Temos até fevereiro, segundo dados do IBGE, as vendas ao varejo, a indústria e o setor de serviços operando acima dos níveis de fevereiro de 2020, antes da pandemia. Mas estes dados são estatísticas apuradas antes da segunda onda do COVID-19 e que não deverão se repetir em março e abril, quando vivemos o pior momento de toda a pandemia.
Só que agora temos vacina e estes dados mostram o acerto na condução da política econômica que proporcionou e proporcionará uma recuperação forte da economia brasileira. Quando a economia vai bem, a política condutora dessa economia também vai bem. E, parece que temos um grupo torcendo para o quanto pior melhor.
Abaixo, o comportamento do PIB do Brasil, nos últimos 10 anos, e que deixa claro o desastre ocorrido entre 2014 e 2016 quando o Brasil viveu a maior recessão econômica da sua história enquanto o mundo crescia…Esse desempenho pífio da economia brasileira foi o pior em 100 anos.
Na maior crise da economia mundial, na terceira guerra mundial, a retração da economia brasileira foi de apenas -4,1%, um dos melhores desempenhos do mundo.
Os dados estão aí, abaixo, reflitam.
Gráfico histórico do PIB do Brasil de 2011 a 2020
Rita Mundim é economista, mestre em Administração e especialista em Mercado de Capitais e em Ciências Contábeis
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