O deputado Bartô apoia Bolsonaro e Zema, mas se declara independente

Nessa terça-feira (23), o político acompanhou os trabalhos do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil, em Santa Maria de Itabira. Na volta para a capital mineira, o parlamentar visitou a redação da DeFato, onde concedeu uma entrevista

O deputado Bartô apoia Bolsonaro e Zema, mas se declara independente
Foto: Victor Eduardo
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Natural de Belo Horizonte, o deputado estadual Bernardo Bartolomeu Moreira, popular Bartô, 37 anos, se aventurou na política partidária pela primeira vez, nas eleições de 2018, pelo Partido Novo. Na ocasião, candidatou-se a deputado estadual e se elegeu com 31.991 votos. Bartô é formado em Economia pelo Ibmec e Direito pela Fumec. Também é pós-graduado em Mercado de Capitais e Derivativos pela PUC Minas. Liberal assumido, ele é um crítico da intervenção do presidente Jair Bolsonaro na Petrobras e dispara: “Bolsonaro não me representa, mas eu apoio o governo dele”.

Nessa terça-feira (23), o político acompanhou os trabalhos do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil, em Santa Maria de Itabira. Na volta para a capital mineira, o parlamentar visitou a redação da DeFato, onde concedeu a seguinte entrevista:

DeFato: O senhor é um estreante na atividade parlamentar, encontra-se em seu segundo ano de mandato. Qual foi a sua linha de atuação, na Assembleia Legislativa, até agora?

Deputado Bernardo Bartolomeu Moreira (o Bartô): Nós temos propósitos, bandeiras e valores muitos claros. O nosso lema é coerência e ação. Então, o propósito é entender o papel dos indivíduos na sociedade. Nosso objetivo é motivar os cidadãos que querem fazer algo. Queremos que as pessoas se aglutinem como sociedade organizada e que, através de associações ou clubes, promovam uma melhoria dessa sociedade. Defendemos valores como meritocracia, transparência e eficiência. Então, nós defendemos todos os valores ligados ao liberalismo. Em suma, somos favoráveis ao livre mercado, pois entendemos que só a concorrência traz preços e serviços melhores. Defendemos também o estado mínimo, porque o estado que se propõe fazer tudo, não consegue entregar nada. Então, é preciso que o estado foque nas questões essenciais como saúde, segurança e educação.

DeFato: Então, em outras palavras, o senhor assume um discurso bem neoliberal…

Deputado Bartô: Neoliberalismo é uma questão ligada a Fernando Henrique Cardoso, e isso pode confundir um pouco. Sendo mais claro: eu sou seguidor do Liberalismo da Escola de Chicago e da Escola Austríaca. Então, as minhas referências são Milton Friedman e Friedrich Hayek.

DeFato: E, nesses dois anos de mandato, qual o momento que o senhor classifica como o mais marcante da sua curta carreira parlamentar?

Deputado Bartô: Eu acredito que um evento muito importante marcou a minha atuação, até agora. Foi quando cheguei à Assembleia. Na ocasião, foi notável a forma gentil como os meus colegas deputados e demais autoridades me receberam. E eu tomei um choque porque imaginei que o local fosse um ninho de cobras, mas, pelo contrario, os nossos deputados são de princípios, de valores e defendem a coisa séria. Então, eu acho que a Assembleia é o verdadeiro espelho da nossa sociedade.

DeFato: O governador Romeu Zema foi um personagem bastante típico das eleições de 2018. Ele é fruto daquela onda bolsonarista, que varreu todo o território nacional. Zema se apresentou como um “outsider”, pois era um sujeito fora da curva da política tradicional. Ele era o novo, com um comportamento equidistante da chamada velha política. Mas, com dois anos de mandato, o governador Zema fez alguma coisa de novo ou ele apenas é o mesmo de sempre?

Deputado Bartô: Gostaria de deixar claro para todo mundo que o meu mandato é independente. Eu e o governador somos do mesmo partido (o Novo), temos linhas de valores bem parecidas, mas eu me coloco de forma independente. Mas, como somos de um mesmo pensamento ideológico, em cerca de 90% das vezes, nós estamos em concordância muito claramente. Agora, se você me perguntar sobre o discurso de campanha e a realidade da administração dele, eu acho que há uma diferença. Eu acho que muito disso (a diferença) vai da falta de saber lidar com a autoridade, saber como levar a política. Então, ele está enfrentando muitas dificuldades nesse aspecto. E isso acaba criando algumas barreiras para programar algumas ações, que não dependem só dele. Mas há algumas coisas de novo, sim. Uma delas, por exemplo, foi esse acordo junto à Vale de reparação do crime ambiental de Brumadinho.

DeFato: O Estado de Minas Gerais é um elefante branco e manco. É uma instituição praticamente ingovernável. O deputado vê alguma solução administrativa para um estado literalmente falido?

Deputado Bartô: Eu não posso falar que tenho a solução, porque não sou o dono da verdade. Mas a gente tem que observar o que deu certo em outros lugares. Então, não preciso ter a solução. Não é preciso inventar a roda. A gente pode ir a outros lugares e ver o que está funcionando de fato. Teoria é muito importante, mas o que manda é a prática.

DeFato: No cenário nacional, Jair Bolsonaro provocou uma nova polêmica ao interferir na política de preços da Petrobras. A reação negativa do mercado foi imediata. O Senhor, que é liberal por opção e convicção, como avalia essa atitude do presidente da República?

Deputado Bartô: Foi uma atitude bastante difícil para nós que damos certo apoio ao presidente. Eu falo que Bolsonaro não me representa, mas eu apoio o governo, como sempre mantenho o meu apoio à direita. A gente tem esse alinhamento, mas há várias questões do Bolsonaro que critico, porque eu sou independente. Então, estamos criticando o presidente num ponto muito essencial, que é a liberdade do mercado. O preço não é um mecanismo determinado pelo dono da empresa. Mas o preço, na verdade, é o termômetro do mercado. Eu sempre digo que as leis do mercado são como as leis naturais. Não adianta tentar mudá-las. Elas estão lá e você precisa tentar segui-las. Essa medida de Bolsonaro, que é muito populista, gera a falsa impressão de que você pode vender um produto por um valor inferior à realidade do mercado.

DeFato: O senhor esteve em Santa Maria de Itabira e pôde avaliar a dimensão da tragédia. Até que ponto a sua visita contribuiu para amenizar essa grave situação ambiental? Além do apoio humanitário, o que o senhor ofereceu de concreto à população de Santa Maria?

Deputado Bartô: Eu até falei muito sobre isso com as pessoas com quem conversei em Santa Maria: o trabalho é todo da Defesa Civil e dos secretários municipais. Eu aproveito, inclusive, para parabenizar o prefeito de Itabira, que colocou os secretários deles à disposição de Santa Maria, que é uma cidade com uma estrutura menor. Mas o que eu posso fazer lá é muito pequeno. Mas eu compareci para dar um alento à sociedade. Para mostrar à população que tem autoridade acompanhando o problema, alguém para ouvir o povo nesse momento muito difícil. Colocamo-nos à disposição para o que estiver ao nosso alcance.

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