O Preço da Democracia
Confira o novo texto da colunista Rita Mundim
O povo brasileiro já sabe o quanto tem que pagar para a manutenção do regime democrático no País. Além dos supersalários pagos aos seus ditos representantes, além das verbas de gabinete, penduricalhos, mordomias e etc., a democracia brasileira tem preço.
Se não for vetado pelo Presidente Jair Bolsonaro, o fundo eleitoral vai receber para distribuir entre os partidos R$5,7 bilhões para serem gastos nas eleições de 2022. Esse valor é o triplo do que foi destinado nas eleições de 2018.Uma vergonha. Em plena pandemia, os representantes do povo usaram do poder dado a eles pelo próprio povo para saquearem a sociedade brasileira em nome dela própria.
Para pedir e ganhar o seu voto, no Brasil, não é necessário um bom programa e bons projetos capazes de melhorar a sua qualidade de vida, mas sim o seu próprio dinheiro que em vez de ser usado em políticas públicas tem que ser usado em políticas próprias das organizações em que se transformaram os partidos políticos e seus membros, com raras exceções, como é o caso do Partido NOVO. Confira a lista de deputados e senadores que acreditam que você deve sustentar financeiramente a confiança do seu voto.
Registrada a minha indignação e a minha esperança no veto do presidente no que diz respeito a esse assunto, vou mudar a prosa para falar de uma semana que terminou com o mercado global bem mais estressado.
Na semana passada foram divulgados os índices de inflação ao consumidor a ao produtor americanos, e, não houve desaceleração. Antes que o mercado se estressasse, logo após a divulgação, o presidente do Banco Central Americano (Federal Reserve), Jerome Powell, em depoimento na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, tratou de acalmar os ânimos e com muita convicção disse que diante da situação da economia americana, a retirada de estímulos monetários e a alta de juros estavam longe de ocorrer. Anotem aí: isso foi na quarta-feira.
No dia seguinte, na quinta, pressionado e cobrado pelos senadores em relação ao maior nível de inflação dos Estados Unidos nos últimos 10 anos, Jerome Powell mudou a prosa admitindo que a inflação está muito acima do que o próprio Banco Central previa, e, disse ainda que a trajetória da dívida pública americana é insustentável. Se a inflação está bem acima do previsto e os gastos estão comprometendo a trajetória da dívida, algo deverá ser feito para a busca da estabilidade dos preços e da redução da dívida.
Diante da fala de Powell, o investidor global acendeu a luz amarela da cautela e colocou as barbas de molho na precaução. As bolsas pelo mundo fecharam em queda e a discussão sobre o fim dos estímulos e a antecipação do aumento das taxas de juros nos Estados Unidos deverão concentrar a atenção dos investidores ao longo desta semana.
Na sexta feira foi divulgada a prévia de julho, do Índice de Confiança do Consumidor Americano, calculado pela Universidade de Michigan, e, a queda de 85,5 pontos em junho para 80,8 em julho surpreendeu negativamente o mercado que esperava uma alta em função da retomada da economia americana. A causa apontada para a queda é que preocupa: a inflação!!! A economia americana é movida pelo consumo das famílias que tiraram o pé do acelerador assustadas com a inflação.
Essa piora na percepção de risco diante da persistência e da alta da inflação americana acontece justamente com o início da safra de balanços corporativos que estão vindo robustos, mas que refletem o desempenho das empresas até junho. O importante é entender a dinâmica da recuperação econômica diante de uma provável diminuição de estímulos e de uma antecipação de alta de juros nos EUA. O mercado antecipa movimentos e pode começar a precificar uma retomada mais comedida no segundo semestre do ano.
Rita Mundim é economista, mestre em Administração e especialista em Mercado de Capitais e em Ciências Contábeis
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