Políticos de todo o Brasil prestam solidariedade à Laura Souza
Diversos políticos manifestaram apoio à professora indicada para a secretaria de Educação após a disseminação dos áudios com críticas LGBTfóbicas direcionadas a ela.

Ao longo desta semana, Itabira testemunhou o vazamento de áudios do vice-prefeito, Marco Antônio Gomes (PL), e do deputado estadual, Léo Portela (PL), se manifestando contra a indicação de Laura Souza, professora e servidora pública há mais de 15 anos, ao cargo de secretária de Educação.
No entanto, o teor dos áudios e também de um vídeo em que o deputado exprime sua insatisfação com a indicação, é abertamente lesbofóbico e atacava a pessoa de Laura, sem pontuar, por exemplo, possíveis questões negativas em seu currículo que poderiam justificar seu desagrado com a recomendação da educadora para o cargo.
O caso reverberou ao longo desta semana em Itabira e fez com que internautas e sociedade civil se posicionassem contra o ataque nas redes. Além disso, os representantes do poder legislativo do município se posicionaram sobre a série de críticas preconceituosas direcionadas à professora.
A Prefeitura de Itabira também condenou os ataques contra Laura em nota oficial, e o prefeito, Marco Antônio Lage (PSB), publicou um vídeo em suas redes sociais falando sobre o assunto.
Tudo isso fez com que houvesse uma repercussão nacional do caso da hostilização, motivando diversos políticos do Brasil a oferecerem apoio e solidariedade à possível futura gestora.
A cientista social, professora e especialista em educação, Ana Gabriela Chaves, escreveu um texto amplamente divulgado que foi compartilhado pela secretária de Esporte de Itabira, Natalia Lacerda Faria. Natalia se posicionou e publicou os stories em suas redes sociais condenando o discurso de ódio.
Carlos Siqueira, presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB), partido do prefeito de Itabira, também se posicionou em uma nota. Confira:
“O Partido Socialista Brasileiro – PSB REPUDIA COM VEEMÊNCIA os ataques que o prefeito de Itabira (MG), Marco Antônio Lage, tem sofrido em razão da nomeação da professora Laura Souza, para comandar a Secretaria Municipal de Educação. Os ataques em questão consistem, essencialmente, em um rosário de manifestações homofóbicas, visto que a secretária municipal de Educação é militante do movimento LGBTQIA +. Como ocorre normalmente em situações da espécie, aqueles que atacam o prefeito e a secretária não tecem avaliações ou críticas sob o aspecto competência técnica da gestora, ou do projeto político-pedagógico a ser implementado. Julgam e condenam a Secretária de Educação por sua orientação sexual. O PSB, por sua longa tradição de luta e militância pelas causas dos direitos humanos, COMBATE E RECUSA toda e qualquer manifestação de intolerância, tenha ela caráter de gênero, orientação sexual, raça, religião etc. – algo que ocorre claramente na presente situação, em Itabira. Esta natureza de intolerância é tanto mais condenável, observe-se, por ocorrer em nome de preceitos religiosos, visto que o acolhimento à diferença e o abraço fraterno àqueles que sofrem injustiças são elementos fundamentais da CARIDADE, sem a qual não pode haver uma prática religiosa digna deste nome.”
O deputado estadual mineiro Bernardo Mucida (PSB), que foi vereador de Itabira, falou com a DeFato e se posicionou sobre o assunto:
“Eu acho que, como qualquer servidor, o que precisa ser avaliado é a capacidade técnica dela. (…) eu entendo que é uma escolha pessoal do prefeito ancorada no currículo técnico dela. E acho que qualquer tipo de discriminação, seja em relação ao gênero, à raça ou orientação sexual, não tem sentido. Então eu quero manifestar muito claramente a minha postura contrária à homofobia, ao racismo e a qualquer forma de preconceito ou discriminação por qualquer razão que seja. Não há espaço para isso mais e, inclusive, manifestações deste tipo podem até ser criminosas. Então nós entendemos que o trabalho do servidor e de um secretário tem que ser avaliado pela entrega, pela capacidade técnica e pelo que ele é capaz de apresentar na pasta. (…) Eu manifesto aqui a minha solidariedade a ela e meu repúdio a qualquer discriminação, racismo, homofobia… qualquer forma de preconceito.”
A vereadora de Belo Horizonte, ativista pelos direitos LGBTQIA+ e dos animais, Duda Salabert (PDT), também expressou sua solidariedade contra a violência política e LGBTfobia sofrida por Laura em seu twitter:
Toda minha solidariedade à secretária de educação de Itabira, Laura Souza, que está sendo vítima de violência política e lgbtfóbica .
É covarde e politicamente baixo tentar reduzir uma pessoa à sua orientação sexual.
Estamos com você Laura Souza! https://t.co/4jPrf1pZOM
— Duda Salabert ? (@DudaSalabert) March 3, 2022
Outro conhecido político que se posicionou foi o deputado federal do Rio de Janeiro, David Miranda (PDT), que tem uma notória ação no ativismo e na defesa dos Direitos Humanos. Ele tuitou:
Minha solidariedade a Laura Souza, secretária de Educação de Itabira, vítima de ataques homofóbicos pelo vice-prefeito da cidade. Esse tipo de violência é inaceitável em qualquer lugar, em especial no ambiente da política, que deve ser pautado pelo respeito e pelo debate d ideias https://t.co/Xtuzcqkrq3
— David Miranda (@davidmirandario) March 3, 2022
A deputada estadual, advogada popular e presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Andréia de Jesus (PSOL), também prestou solidariedade à Laura durante fala na sessão:
É importante esclarecer que ataques como os direcionados à servidora Laura Souza não são apenas opinião, nem se tratam de discurso político. O preconceito contra a orientação sexual e identidade de gênero é um crime, de acordo com a Lei nº 7.716/1989, e pode levar o praticante a ser detido por até 5 anos de prisão.