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“Posso ser mais um caso de feminicídio”, diz itabirana ameaçada por namorado

Posso ser mais um caso de feminicídio, diz itabirana ameaçada por namorado

Yanara Sá. Foto: Arquivo pessoal

Na última quinta-feira (12), a itabirana Yanara Figueira Sá, 32 anos, viveu momentos de terror e medo. O ex-namorado, de 20 anos, invadiu seu apartamento, disse que ia esfaqueá-la e tentou sufocá-la. A técnica em segurança do trabalho foi salva pela chegada da polícia, chamada por vizinhos que ouviram os pedidos de socorro.

Essa não foi a primeira vez que o companheiro agrediu Yanara. Técnica de enfermagem do trabalho, a itabirana conta que o relacionamento entre eles sempre foi conturbado. “Ele é uma pessoa insistente e com o passar dos tempos, as brigas e discussões foram evoluindo para agressões e, principalmente, ameaças. Ele sempre ameaçava novas agressões e até me matar”, detalha.

Yanara conta que as agressões físicas já vinham acontecendo há um tempo.

“Eu tinha que mentir em casa, no trabalho e até no hospital por medo e para que ninguém chamasse a polícia. Tinha muito receio de me expor. Ele tentou estrangulamento, me deu socos, prendeu meu braço, me encurralou na parede. Isso aconteceu muitas vezes!”.

A situação ficou insustentável para a técnica de enfermagem do trabalho depois que o casal sofreu um acidente de carro, no dia 2 de janeiro. O condutor perdeu a direção do veículo na estrada de Bom Jesus do Amparo e o carro capotou. “Eu não tive nada grave, mas me machuquei com a pressão do cinto. Fiquei sem muitas condições de ficar me deslocando porque sentia muita dor”, relembra.

 

Porém, o ex-namorado precisou ficar internado. Mas, exigia que ela estivesse com ele o tempo todo. “No último domingo, ele foi transferido para a Santa Casa, em Belo Horizonte, e queria que eu fosse. Eu já não aguentava mais aquela pressão toda dele”, conta a itabirana.

O homem, então, fez novas ameaças. Segundo Yanara, o rapaz prometeu que quando saísse do hospital a encontraria. “Ele disse que iria onde eu estivesse, que ia fazer picadinho de mim e ainda tomaria do meu próprio sangue. Foi a gota d’água”, ela explicou.

Na última segunda-feira (10), Yanara procurou pela polícia e formalizou a denúncia. Ela fez um boletim de ocorrência e conseguiu uma medida protetiva de urgência.

Tentativa de homicídio

Na última quinta-feira (12), o indivíduo se passou pela advogada de Yanara para conseguir ter contato com a ex-namorada. Então, ela marcou um encontro – supostamente com a advogada – em seu apartamento. “Eu já estava na minha casa quando estranhei e decidi ligar para a advogada. Ela disse que não tinha trocado de número. Aí, eu já imaginei quem era”, lembra.

Nesse meio tempo, o ex-namorado já estava no local.

“Ainda se passando pela advogada, ele me mandou uma mensagem dizendo que encontrou o portão aberto e que estava nas escadas. Em seguida, tentou ter acesso a área externa do apartamento. Eu comecei a gritar para alarmar os vizinhos e corri para dentro de casa. Ele, então, arrombou a porta, me pegou pelo pescoço e disse que iria pegar a faca, me esfaquear toda e jogar fogo. Ele também ameaçou meu ex-companheiro e meu filho de 10 anos”.

Registro da parta da casa de Yanara arrombada

A síndica chamou a polícia e conseguiu impedir que o pior acontecesse. Ele chegou a resistir à prisão, mas foi preso em flagrante. Yanara conta ainda que os pais dele apoiam o filho e que o advogado contratado pela família conseguiu um meio de tirá-lo da detenção nesse sábado (15).

Registro e parte do depoimento do agressor

“Eles disseram que ele não podia ficar preso porque não sabia da medida protetiva. Eu peguei meu filho e saí da cidade. Ele vem em primeiro lugar. Eu não me sinto segura, a sensação de medo e pânico são tremendas. Eu não estou segura e não posso proteger quem mais amo”, confessa a itabirana.

Orientada por seus advogados, do escritório Núbia Citty Advogados. Yanara acredita que expor o caso possa ajudar a mostrar a gravidade da situação pela qual ela está passando. “Eu espero que a polícia entenda que esse caso é real. Que isso tem fundamento, não é capricho de mulher. Mesmo assim, eu tenho esperança que a justiça haja. Se nada for feito, vai acontecer mais um feminicídio em Itabira”, desabafa emocionada.

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